1ª.
1Sm 16,1b.6-7.10-13a
Sl
22
2ª.
Ef 5,8-14
Evangelho:
Jo 8,12
Quaresma
é tempo de progresso no seguimento a Jesus Cristo, Filho de Deus encarnado.
Estamos no ano A da nossa liturgia. Depois de termos refletido respectivamente
no 1º e 2º Domingos deste tempo santo as narrações das tentações e da
transfiguração do Senhor, comuns aos três anos (A, B e C) somos brindados com
os evangelhos da samaritana (Domingo passado); do cego de nascença (este Domingo)
e da ressurreição de Lázaro (5º Domingo), todos eles textos de São João. Estes
relatos joaninos são de grande importância no que se refere à iniciação cristã,
podendo inclusive ser lidos também nos anos B e C, sobretudo quando há catecúmenos.
(cf. Introdução ao Lecionário da Missa). Aproveitemos, deste modo, toda a
riqueza encerrada nestes evangelhos para uma sincera revisão e renovação de
nosso Batismo.
O
cego de nascença representa os iniciados, isto é, os que foram batizados em
Cristo. Ora, quem acolhe Jesus em sua vida muda radicalmente! Passa do estado
de cegueira ao de quem enxerga, passa das trevas para a luz. Contempla a partir
daí uma nova realidade até então desconhecida. A vida adquire colorido, graça,
beleza. É recriado! (note-se que o cego é curado com barro, o mesmo material
com que Deus cria o ser humano no Gênesis). A encarnação do Filho de Deus é
nova criação para o mundo. Só não vê quem não quer!
Os
fariseus do evangelho não estavam cegos, como o homem que fora curado, porém
resistiam em ver em Jesus o enviado do Pai, presos à sua vaidade e orgulhosas
convicções, por isso é que no texto Jesus diz: “Se fôsseis cegos, não teríeis
culpa; mas como dizeis: ‘Nós vemos’, o vosso pecado permanece” (Jo 9,41). Não
eram capazes de desapegar-se das suas seguranças: “esse homem não vem de Deus,
porque não guarda o sábado” (Jo 9,16), é um pecador! Julgavam-no pela
aparência. Deus, porém, “não julga segundo os critérios do homem: o homem vê as
aparências, mas o Senhor olha o coração” (1ª leitura). O cego, ao contrário,
após reconhecer Jesus como homem, diz ser ele um profeta, e, finalmente, Senhor
de sua vida.
E
nós, como batizados que somos, temos realmente Jesus como Senhor de nossas
vidas? Assumimos em nossos sentimentos e proceder os mesmos sentimentos e
atitudes dele? O nosso ser e fazer é capaz de transmitir a luz que recebemos ao
nos tornarmos cristãos? Não podemos ignorar em nossa vida cotidiana, nos nossos
gestos, por mais pequenos que sejam, o Cristo que nos recriou nem ficar cegos à
verdade que nos foi dada conhecer, como se nada soubéssemos sobre Deus. O
Cristo já no-lo mostrou em sua carne! O fruto da luz, diz o apóstolo Paulo,
chama-se bondade, justiça, verdade. (2ª leitura). Desmascaremos, portanto, as
obras das trevas, que sorrateiramente insistam em falar em nós ou permanecer em
nossas comunidades de fé: a maldade, a injustiça, as aparências!
Nosso
pecado não é maior que a graça superabundante de Deus que nos foi derramada por
meio de Jesus. O Senhor não nos proporia nada que fosse inalcançável por nós.
Somos todos frágeis e susceptíveis ao erro. Ele o sabe e de nós se compadece. Mas
nos propõe o amor. Disso somos capazes, pois o Filho, homem como nós
mostrou-nos o caminho. Só não vê quem não quer!
Sem. Weverson Almeida Santos
4º ano de Teologia