5º DOMINGO DA QUARESMA - ANO A


LEITURAS:
1º Leitura  – Ez 37,12-14
Salmo - 129
2º Leitura  – Rom 8,8-11
Evangelho – Jo 11,1-45

      Quaresma é Tempo oportuno para refletir sobre o amor, a misericórdia e a esperança. A confiança de que Cristo é Ressurreição para nossa vida é certeza de alegria e sossego ao coração.
A liturgia desse domingo, bem como a narrativa do 3° domingo (diálogo com a samaritana), e a do 4º (o cego de nascença) apresenta-nos a fé em Jesus Cristo como realidade central para a contemplação da vida eterna.
      O ponto focal que hoje celebramos está nos versículos 25 e 26 do Evangelho: “Então Jesus disse: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, não morrerá jamais. Crês isto?”. Afirmando e perguntando, Jesus, coloca em evidência que a vida ultrapassa os limites humanos biológicos. Trata-se da vida definitiva que supera a morte.
      A primeira leitura evidencia o desespero do povo exilado que nutria a sensação de condenação à morte. É em meio a incerteza que o  Senhor Deus oferece uma vida nova possível pelo Espírito. A questão mais significativa é que, apesar das aparências, Deus não abandona o seu Povo. Mesmo quando tudo parece perdido e sem saída, Deus lá está, transformando o desespero em esperança, a morte em vida.
      Paulo, na segunda leitura, desenvolve uma das suas mais famosas antíteses: “carne”/”Espírito”. “Viver segundo a carne” significa, em Paulo, uma vida conduzida à margem de Deus: o “homem da carne” é o homem do egoísmo e da auto-suficiência, cujos valores são o ciúme, o ódio, a ambição, a inveja, a libertinagem; “viver segundo o Espírito” significa uma vida vivida na órbita de Deus, pautada pelos valores da caridade, da alegria, da paz, da fidelidade e da temperança.
     O apóstolo recorda ainda que o cristão no dia do seu batismo optou pela vida do Espírito. A partir daí, vive sob o domínio do Espírito, isto é, vive aberto a Deus, recebe vida de Deus, torna-se “filho de Deus”. É, pois, o Espírito, presente naqueles que renunciaram à vida da “carne” e aderiram a Jesus, que liberta os crentes do pecado e da morte, transformando-os em homens novos e conduzindo-os em direção à vida plena, à vida definitiva.
      O Evangelho garante-nos que Jesus veio realizar o desígnio de Deus e dar aos homens a vida definitiva. Ser “amigo” de Jesus e aderir à sua proposta é entrar na vida plena. Todos que vivem desse jeito experimentam a morte física; mas não estão mortos: vivem para sempre em Deus. Fazer da vida uma entrega obediente ao Pai e um dom aos irmãos é o segredo para conquistar a amizade divina. Jesus é o amigo por excelência: “Quando Jesus a viu chorar, e também os que estavam com ela, estremeceu interiormente, Jesus ficou profundamente comovido, e perguntou: “Onde o colocastes?”  Responderam: “Vem ver, Senhor”, E Jesus chorou, (Jo, 11,33-35).
     A história de Lázaro é inspiração e afirmação de que não há morte para os amigos de Jesus, existe, sim, passagem de uma realidade para outra. Não permanece morto aquele que acolhe, aceita e entrega a vida segundo os valores, a proposta do Senhor. Já em nosso batismo escolhemos a vida plena e definitiva que Jesus oferece aos seus e que lhes garante a eternidade. Aqui cabe a pergunta: a nossa vida tem sido marcada pela resposta sincera à amizade de Jesus?
      Ser amigo de Jesus não significa que a morte um dia não nos venha visitar. De igual modo, não garante que o choro e a saudade, pela partida de alguém que amamos, seja uma realidade impossível de acontecer, pelo contrário, ninguém está livre. A grande verdade nisso tudo é que em Cristo a morte não significa choro, desencanto e fim; mas, riso, esperança e ressurreição.
      Diante da certeza que a fé nos dá, somos convidados a viver a vida sem medo. O medo da morte como fim escraviza e dificulta o viver. Em Cristo não há espaço para a prisão, a este respeito, lembra-nos a Campanha da Fraternidade que: “é para a Liberdade que Cristo nos libertou”, nota-se a bonita tentativa de alerta contra todo é qualquer tipo de morte.
      Deus não quer ver seus filhos escravizados pelo medo da morte, pelo contrário, quer que continuemos a caminhada na firme esperança de que a morte não encontra lugar definitivo em Jesus. Não tenhamos medo de sairmos, de tirarmos os lençóis mortuários para que possamos, com os rostos descobertos, com as mãos e os pés desatados, contemplarmos a Ressurreição e a Vida. Coragem!

Seminarista Antônio Carlo3º ano de teologia