Mais uma – a última – reflexão a respeito
do Ano Litúrgico, isto é, a
organização das celebrações com que nossa Igreja celebra os eventos principais
da vida do Senhor.
Hoje vou apresentar algumas informações a
respeito da gradual e progressiva estruturação do Ano Litúrgico.
Desde
o II século celebra-se a festa
de Páscoa com uma solene vigília.
Aos poucos, ao redor deste núcleo, forma-se o Tríduo sagrado: é a Páscoa celebrada em três dias. Pela sua
importância, essa solenidade vai se prolongando numa festa de 50 dias,
até a solenidade de Pentecostes.
Um
fato importante que se deu no começo do III séc. foi a introdução da celebração
do Batismo durante a Vigília pascal,
e – mais tarde – (em Roma, desde o séc. V) a Missa para a ‘reconciliação dos penitentes’. A partir disso, estrutura-se – já no
séc. IV – a Quaresma, como
preparação à Páscoa. No IV séc. surge, ainda, a festa do Natal do Senhor, que visa fortalecer a
fé da Igreja numa época de controvérsias e heresias cristológicas. A Epifania nasce no Oriente com o mesmo
objetivo do Natal, celebrando tanto o nascimento como o batismo de Jesus.
O Advento,
preparação ao Natal, é próprio do Ocidente; começa no fim do IV e decorrer
do V século, na Gália e na Espanha; em Roma, somente mais tarde.
O assim
hoje chamado ‘Tempo Comum’ constitui
o resto do ano: 33 ou 34 semanas. A Comunidade cristã segue seu caminho de fé,
iluminada pelos mistérios da encarnação, morte e ressurreição e sustentada
pela força do Espírito, e procura testemunhar sua adesão a Cristo no tempo e no
espaço da vida terrena, invocando a vinda do Senhor.
A respeito do culto aos mártires e aos santos temos alguns documentos isolados a
partir da segunda metade do séc. II e, mais, da metade do III. No dia
aniversário da morte, a Comunidade se encontrava junto aos túmulos dos irmãos
de fé que testemunharam Jesus ao ponto de imitá-lo no derramamento do sangue.
Para o culto a Maria, documentos nos dizem que
a devoção para com a Mãe de Jesus aparece desde cedo, como documentam grafitos
do I (de Nazaré) e II séc. (catacumbas de Priscila); grande impulso foi dado
pelo Concílio de Éfeso (431), mas já
no III séc. encontramos elementos neste sentido.
Começando na Idade Média, até os
nossos dias, são introduzidas as festas dogmáticas: SS. Trindade (pelo ano 1000); Corpus Christi (1264); Sagrado Coração de Jesus (estendida à Igreja universal em 1856); Cristo Rei (1925). Festa muito antiga (IV séc.): a Dedicação da Igreja (festa: 9 de
Novembro: São João em Latrão; 18 de Novembro: São Pedro e São Paulo).
A organização atual do Calendário litúrgico foi estabelecida pelo papa Paulo VI,
seguindo as orientações gerais de SC (102-111): centralidade do mistério
pascal, revalorização do domingo, prioridade do temporal sobre o santoral.
Também nas festas de Maria e dos Santos se proclama a primazia de Cristo
(SC 111).
O AL
é uma escola permanente de conversão e lugar essencial da formação
cristã; é momento muito importante para colocar Cristo e seu mistério de
amor no centro da própria vida. No fim do todo ano, chegamos lá onde partimos:
a vinda de Jesus. Mas deveríamos nos encontrar, a cada ano, num nível mais
alto. Os anos litúrgicos que se seguem não são ciclos fechados e sempre idênticos.
Eles têm como que uma força que leva e eleva, como numa espiral, rumo à
plenitude do Reino.
A
todos os leitores deste Blog desejo que vivam o Ano litúrgico com melhor
compreensão do seu sentido e maior intensidade espiritual.
Dom Armando