A
história da origem da festa. Nasce na região da atual Bélgica, no início do
século 13, época rica em fermentos religiosos, mas em que a maioria dos
cristãos já havia perdido o sentido profundo da Eucaristia e ficava mais ligada
ao rito do que ao sentido verdadeiro do misterio eucarístico. Na origem da
festa está a beata Juliana de Rétine, priora do mosteiro de Monte Cornion,
próximo à cidade de Liège. Em 1208 ela teve uma visão: apareceu-lhe a lua cheia
e radiante, mas com uma linha escura e interpretou essa visão como a falta de
uma festa em honra da Eucaristia. Os contatos com seu diretor espiritual, João
de Lausanne e o apóio de eminentes teólogos, incentivaram o bispo de Liège
(Roberto de Thorote) para instituir essa festa que, em 1246, o mesmo bispo celebrou
pela primeira vez.
Dois
teólogos que tinham conhecido e apoiado Juliana tornaram-se um cardeal (Hugo de
São Caro) e o outro (Tiago de Pantaleão) papa (Urbano IV); isso foi
determinante para que a festa se expandisse antes na Bélgica - começando pelo
ano de 1252 – e, a partir de 1262 – com o papa Urbano IV – à Igreja toda.
Para
isso concorreu mais um fato. Na cidade de Bolsena (perto da cidade de
Orvieto, região da Úmbria Itália) aconteceu um fato extraordinário. Um padre
alemão, a caminho de Roma, cheio de dúvidas na presença de Jesus na Eucaristia,
pedia a Deus um sinal. Eis que, enquanto celebrava a Missa, a hóstia começou
sangrar abundantemente. O evento foi determinante para que o papa, recebido o
tecido (corporal) levado em Orvieto por uma multidão - no dia 19 de Junho de
1264 -instituísse a solenidade. Assim, aos poucos, a festa se expandiu pela
Igreja inteira, sobretudo a partir de 1314, com o papa Clemente V, que confirmou
a Bula (Transiturus de hoc mundo) de
Urbano IV.
Desde
o início, a celebração se tornou muito popular, sobretudo quando começou a se
realizar também a procissão pelas ruas da
cidade e pelos campos. De fato, em alguns lugares, sobretudo na Alemanha, nos
séculos 14 e 15, é vivida como pedido a Deus para proteger as colheitas. Nesta
época, se difundem as Confrarias do SS. Sacramento
que incentivaram e difundiram a
devoção à Eucaristia e mantiveram viva a fé em seus membros, melhorando assim
os costumes de vida no povo.
Os
textos litúrgicos, elaborados, aos poucos, são muito ricos e expressivos e de
profundo sentido teológico; expressam em prece as dimensões essenciais do
misterio pascal de Cristo celebrado na Eucaristia, isto é, sua vida até a
última ceia, a morte no Calvário, a comunhão com os fieis, o penhor de vida
eterna e o prêmio dos justos que d’Ele esperamos receber.
Escreveu
o papa são João Paulo II (na carta encíclica Ecclesia de Eucharistia, 62): “Nos sinais humildes do pão e do
vinho transubstanciados no seu Corpo e Sangue, Cristo caminha conosco como
nossa força e nosso viático, e nos torna testemunhas de esperança para todos.
Se a razão experimenta os seus limites diante desse mistério, o coração.
iluminado pela graça do Espírito Santo, intui bem como comportar-se,
entranhando-se na adoração e num amor sem limite”.
Dom Armando