LITURGIA DAS HORAS - IV

Quero continuar a minha reflexão sobre Liturgia das Horas examinando as partes que a compõem.
As Laudes, como oração da manhã e as Vésperas, como oração da tarde, constituem como que os dois pólos do Ofício cotidiano. Sejam consideradas como as horas principais e como tais sejam celebradas” (IGLH n. 37). Em seguida (n. 40), o texto de Instrução fala de Lau­des e Vésperas como de “orações da comunidade cristã”.
Na formação cristã se aprende a orar a Deus pela manhã e pela noite, no início e no fim do dia. Com essa oração, pretende-se expressar a gratidão a Deus, pelo dia que inicia ou que finde. Agradecer  é um sentimento fundamental de nossa relação humana, com os outros e, ainda mais, com Deus. Sabemos que fomos salvos por Jesus Cristo que se entregou totalmente a si mesmo pela humanidade. Quem sabe disso e tem consciência de ser Igreja, é chamado a expressá-lo, também, com o sinal da oração comum. A oração da Manhã e da Tarde, como também os outros momentos de oração, manifesta o ritmo de vida da pessoa que vive na presença de Deus.
A Oração da Manhã. Se destinam e se ordenam à santifica­ção do período da manhã” (IGLH 38) Por quê? A IGLH responde lembrando um pensa­mento de São Basílio que diz: “O louvor da manhã tem por finalidade consagrar a Deus os primeiros movimentos de nossa alma e de nossa mente”. Pois o corpo não deve ser entregue ao trabalho, sem antes termos cumprido o que disse a Escritura: “É a vós que eu dirijo a minha prece; de manhã já me escutai” (Sl 5,4-5). Ainda nesta hora, lembra-se a ressurreição do Senhor Jesus, “luz de verdade, que ilumina todo ser hu­mano”, “sol da justiça”, “que nasce do alto”.
Portanto, a Oração da Manhã se distingue por estas atitudes: dar graças pela ressur­reição e a certeza de um destino sem fim.
Oração da Tarde.As Vésperas são celebradas à tarde, ao declinar do dia, para ‘agradecer o que nele temos recebido ou o bem que nele fizemos’ (São Basílio) (IGLH 39)”. Com esta oração, queremos lembrar o “sacrifício vesper­tino” de Cristo na Ceia – Cruz; ainda, “para que nossa esperança se focalize naquela luz que não conhece ocaso” e celebrar a glória divina: nós vivemos na espera de Jesus Cristo, no desejo de encontrá-lo.
No centro de toda oração está Jesus Cristo. Por isso, a morte, a ressurreição e a espera de sua vinda gloriosa são as razões pelas quais os cristãos param e rezam. Isso não só a título individual, mas como Igreja, que tem consciência de ser povo que foi salvo e redimido e que, em Jesus Cristo, encontrou o sentido do seu ser, do seu viver e esperar. Nós cristãos precisamos desses momentos para dizer-lhe o nosso amor sincero.
O meu desejo é que, aos poucos, as comunidades eclesiais compreendam e realizem esta bela e grande Oração que, desde o início de sua caminhada, a Igreja elaborou, fundamentando-se na experiência do povo de Jesus e de Jesus mesmo.

Dom Armando