Segundo
Jaeger, Sócrates é o mais espantoso fenômeno pedagógico do ocidente, já que
mediante seu próprio esforço sua figura torna-se eixo da formação do homem
grego. Pouco se sabe sobre a figura enigmática do filósofo, “o mais sábio dos
homens” aqui nos deteremos às contribuições do mesmo no sistema educacional e
traçaremos um paralelo com o método sofista.
Sócrates não é
um professor, entretanto sua busca pelo mestre interior capacita-o neste âmbito
educacional, a tradição é unânime ao apresentar Sócrates como mestre
insuperável na arte da persuasão sob a forma de perguntas e respostas, na arte
da dialética, Sócrates difere dos sofistas que viam a educação como um negócio,
para ele o objeto da educação não é simplesmente ministrar conhecimentos, antes
é o desenvolvimento da capacidade de pensar do discípulo.
Sócrates
exerceu sua atividade filosófica nas praças e ruas de Atenas onde empregava sua
dialética com a finalidade de levar seus interlocutores às conclusões
desejadas. O diálogo socrático é formado por duas etapas, a ironia e a
maiêutica, marcas registradas do sábio grego, veremos como sua dialética é
importante em sua concepção educacional.
Na primeira,
Sócrates assume a posição de discípulo, declara-se ignorante com o intuito de
purificar o espirito da falsa ciência, não possuía o intuito de zombar do
interlocutor, antes fazer com que este perceba sua ignorância, por meio de
interrogatório hábil, fazia com que as pessoas encontrassem em seus próprios
discursos as controvérsias existentes, por muitas vezes até absurdas, tinha a
intenção de fazer com que elas chegassem à convicção do erro, o seu
questionamento possuía a intenção de construir conceitos, a ironia não
constitui a verdade, mas é um caminho para ela.
Filho de uma
parteira, o filósofo comparou sua atividade com a profissão de sua mãe. Assim
como a mulher necessita da ajuda de uma parteira para dar à luz uma criança, os
homens necessitariam também de alguém que os ajudasse no processo do conhecer.
O conhecimento está no interior do homem, faz-se necessário então “parir” as
ideias, processo que chamamos de maiêutica.
A educação
para Sócrates deveria ser universal e gratuita, neste sentido entende-se um dos
motivos para a insatisfação com os sofistas, mestres da retórica, que são
responsáveis por grande transformação do conceito da Paidéia, já que antes
estava ligada tão somente a aristocracia, agora ligado a todos os cidadãos da
Pólis.
Os sofistas
foram os verdadeiros educadores de seu tempo, sendo que a sua influência no
processo educacional perdura até os nossos dias, assim como as contribuições de
Sócrates. No entanto, podemos perceber a diferença entre os dois processos, por
exemplo, os sofistas utilizavam-se da retórica que muito difere da maiêutica,
tendo em vista que seu objetivo era o de inculcar no ouvinte ideologias e não
desperta-las, além do mais, tais ideologias seriam convertidas na manipulação
do povo, visando desta forma ascensão nos cargos políticos.
No campo
educacional, percebe-se uma maior eficácia do sistema sofista, ao menos no que
se conceitua por escola, já que a dialética socrática por muitas vezes
limitou-se ao indagar, não descartamos sua importância, entretanto, quando se
fala em educação tem-se a necessidade de um mínimo de conceitos, neste sentindo
nos referimos à transmissão dos conhecimentos já produzidos, sendo assim
transmitir conceitos é necessário.
Sabemos, no
entanto que o verdadeiro processo educacional só se dá na interação entre
discípulo e mestre, o conhecimento pode ser transmitido, deve ser despertado.
Sendo assim, a tradição que Sócrates juntamente com os mestres sofistas nos
legou teve grande influência no que hoje conhecemos, na Paidéia da sociedade
contemporânea.
Alisson
Flores
3º
Filosofia