Isaías
63, 16b-17;
Salmo
79;
1
Cor 1,3-9
Marcos 13,33-37.
Iniciando um novo ano,
a liturgia da Igreja, através da Palavra, nos alerta com um trecho do evangelista
Marcos (que nos acompanhará ao longo deste ano): VIGIAI. O que pode significar
tanta insistência na vigilância por parte de Jesus? O que significa, ao
contrário, o sono que impede a vigilância?
Nossa vida é frágil e passageira;
vivemos, a todo dia, puxados de tantas maneiras: preocupações que
tiram o sono, decepções que afetam o coração, doenças que ameaçam a saúde, mensagens
que nos apavoram, paixões que nos levam para caminhos errados e deixam mente e
alma insatisfeitas, sonhos que acabam deixando tanta amargura, relações humanas
que não correspondem às nossas expectativas...
Então, frustrados, procuramos agarrar-nos
em algo ou em alguém que nos dê segurança. Sim, uma experiência profunda de fé
poderia oferecer solidez e novo respiro aos nossos dias. Mas, encontrar este
caminho e trilhá-lo, não é nada fácil e é preciso paciência e firmeza para que
venha a resposta e o coração fique tranquilo. Cuidado, recomenda Jesus, para
que as ‘preocupações’ da vida não amarrem os seus corações a este mundo, e
vocês acabem perdendo o rumo da caminhada e o desânimo domine as suas vidas.
A Palavra de Deus
nesse período nos convida para manter abertos os olhos do coração e descobrir o
que significa seguir a Jesus com firmeza, coragem e fidelidade. Para isso, eis o
que escreve o apóstolo Paulo (II
leitura): “Em Jesus Cristo vós fostes enriquecidos em tudo... Assim não
tendes falta de nenhum dom, vós que aguardais a revelação do Senhor nosso,
Jesus Cristo... Deus é fiel”.
Também o profeta Isaías (I leitura) tem palavras bonitas de
conforto e incentivo para nunca desanimarmos: “Senhor, tu és nosso Pai, nosso
redentor; eterno é o teu nome”. E, reconhecendo as culpas que mancharam a vida
do povo: “Todos nós nos tornamos imundície, e todas as nossas boas obras são
como um pano sujo”, eis que o profeta reafirma a certeza do amor misericordioso
de Deus e a confiança do seu perdão: “Senhor, tu és nosso pai, nós somos barro;
tu, nosso oleiro, e nós todos, obra de tuas mãos”.
Portanto, eis o
estilo de vida com que somos convidados a caminhar neste tempo (e em todo tempo):
manter bem acordados os nossos cinco sentidos e, mais, o sentido interior, para
descobrir (ou redescobrir) quais caminhos novos somos chamados a trilhar,
despertando em nós, com a força do Espírito, energias adormecidas ou ainda não
bem amadurecidas. O Papa Francisco dizia: “Este dia tem um encanto especial, nos
faz experimentar um sentimento profundo do sentido da história. Redescubramos a
beleza de estar todos a caminho: a Igreja, com a sua vocação e missão, e toda a
humanidade, os povos, as culturas, todos a caminho pelos caminhos do tempo”
(Ângelus, 1 de dezembro de 2013).
As orações da liturgia nos fazem orar
pedindo a Deus que “tenhamos um ardente desejo de possuir o reino celeste” e de
“acorrer com as nossas boas obras ao encontro de Cristo que vem” (Coleta); na oração de pós-Comunhão pedimos que a Eucaristia
que celebramos nos ajude “a amar desde agora o que é do céu e, caminhando entre
as coisas que passam abraçar as que não passam”.
A todos, irmãos e irmãs, desejo que
possamos viver com intensidade espiritual este tempo, para chegarmos renovados
e interiormente mais amadurecidos, ao Natal do Senhor.
Dom
Armando