As inúmeras concepções de
existencialismos desenvolvidas no decorrer do pensamento filosófico têm em
comum o ideal que traz a existência humana como ponto central nas suas
reflexões. Embora tenham aspectos que se divergem notavelmente, as chamadas
filosofias existencialistas surgiram no contexto entre as duas guerras mundiais
do século XX, sofrendo influências de pensadores anteriores como Arthur
Schopenhauer, Sören Kierkegaard e Friedrich Nietzsche.
No Existencialismo percebemos como
base a questão do ser, que é a essência que se fundamenta e ilumina a
existência ou os modos de ser. Nessa perspectiva, o existencialismo se
desenvolve com a perspectiva de refletir sobre o indivíduo e sua existência
identificada com sua liberdade. Com isso, notamos que desde o nascimento, o
homem é jogado no mundo, sem apoio e referências a valores, pois ele é quem
deve construí-los através da própria liberdade e sob sua responsabilidade.
Dessa maneira, o empenho do Existencialismo consiste em pensar no indivíduo de
forma concreta com base na sua existência cotidiana, desprovida de qualquer
relevo especial.
Para caracterizar o
Existencialismo, recorremos aos seus dois maiores representantes – Martin
Heidegger e Jean-Paul Sartre. Através das reflexões de cada um observamos como
essa temática se estruturou ao longo da história da Filosofia, possibilitando
inúmeros avanços na compreensão do nosso estar no mundo e do sentido da nossa
liberdade. Assim, por meio da afirmação de Heidegger que aponta a existência
como precedente da essência, constatamos a caracterização mais notável para o
Existencialismo porque o filósofo propõe uma nova forma de entendimento acerca
do indivíduo. Com efeito, o que Heidegger estabelece se concentra na
demonstração de que o existir é o ato que determina a essência, manipulando-a.
Apesar disso, Heidegger não aceita
a palavra Existencialismo como termo para definir seu pensamento. Em
contrapartida, Jean-Paul Sartre assume o Existencialismo como denominador da
sua doutrina, assinalando que o ser é o que é – eis o princípio de identidade.
Nesse sentido, o filósofo assinala que o ser humano não é um ser em si, cheio,
total, porque se oporia aos ideais de consciência e liberdade.
Heidegger propôs discutir sobre o
sentido do ser visando encontrar o modo de ser do ser humano, nomeando tal
resultado de Dasein, cujo sentido exprime o ser-aí, isto é, estar-aí no mundo.
Por conseguinte, o desenvolvimento da existência se dá nas relações
estabelecidas no mundo. Pois, para existir, o indivíduo projeta sua vida e
procura agir no campo de suas possibilidades, movendo-se numa busca permanente
para realizar aquilo que ainda não é. Isso implica afirmar que o existir é a
constante construção de um projeto.
Efetivamente, percebemos que no
pensamento de Sartre, a concepção de homem realiza-se mediante um processo em
que o homem é concebido como um ser-para-si, isto é, um modo de ser mantendo em
si mesmo um distanciamento intransponível, como o ser que “traz o nada ao
mundo”. Nesse sentido, notamos que a existência na visão do pensador francês
eleva o indivíduo, não permitindo que se faça uma caracterização definitiva de
si, uma vez que ele ultrapassa tudo o que se possa afirmar sobre ele. Além
disso, destacamos que a liberdade é um tema muito frequente na filosofia sartreana,
evidenciando, principalmente que o para-si é permanentemente responsável pelas
suas escolhas. Com isso, notamos que a relação do homem com a existência
pressupõe a ideia de que ele não é um ser acabado, predeterminado, porque como
afirma Sartre “somos aquilo que fazemos do que fazem de nós”.
Marcos Bento
Concluinte do curso de
Filosofia