
Natal nos dá a razão dessa alegria. De fato, nós
celebramos a ‘festa litúrgica’ da vinda do Filho de Deus a esta terra. É uma
‘festa litúrgica’, não um aniversário. A Igreja faz festa por um acontecimento
que marca a sua história e ilumina toda a sua caminhada terrena. A todo ano, na
noite de Natal, canta-se: “Hoje nasceu para nós uma criança, um Filho nos foi
dado”. Deus, o Pai, em sua bondade, manda à humanidade o Filho para dizer que Ele
a ama. Uma mensagem de vida e esperança é entregue à história pela presença do Filho, “o Verbo – a Palavra - que se fez carne e veio morar entre nós”, escreve
são João (Jo 1,14).
Em Jesus, nós cristãos acolhemos a presença de
Deus que assume um rosto humano. Ainda, o apóstolo João escreve (em sua I
carta, 1, 1-2): “O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os
nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos tocaram da Palavra da Vida –
de fato, a Vida manifestou-se e nós a vimos, e somos testemunhas, e a vós
anunciamos a Vida eterna, que estava junto do Pai e que se tornou visível para
nós”.
Pela fé, que dá sentido a tudo o que acreditamos
e fazemos, eis que o Natal se torna preciosa oportunidade para redescobrir essa
verdade que alicerça a mesma fé. Quem perder essa convicção, não tem razão para
fazer festa no Natal. É mesquinhez substituir o Natal com um meloso
‘papai-noel’, historinha para iludir crianças e gerar negócios.
A festa do Natal começa pelos anos 330 da era
cristã, provavelmente, para substituir, em Roma, a festa do ‘Sol vencedor’ em
que era o imperador a ser honrado. Os cristãos, quando alcançaram a liberdade de
culto, substituem Jesus qual “luz de verdade, que, vindo ao mundo, ilumina todo
ser humano” (Jo 1,19).
Então, com Maria e José, celebremos o Natal, com a
mesma simplicidade e alegria do primeiro Natal. Os anjos anunciaram aos
pastores essa felicidade. A reaparição da estrela misteriosa fez renascer a
alegria e a felicidade no coração dos Magos que vieram do Oriente (Mt 2, 10).
Se estivermos abertos para escutar seu ensinamento, o Natal
nos diz que é possível ser felizes na dor, entre as dificuldades e no luto,
aqui na terra. A felicidade consiste em ter Jesus, em estar com Ele, em amá-Lo
de todo o coração, com a esperança de tê-Lo perfeitamente um dia no Céu. Não se
vai à Igreja para não sofrer, já que o sofrimento é parte da vida humana, mas
para aprender a sofrer. A felicidade do cristão se fundamenta na certeza do
amor fiel de Deus, que conhecemos em Jesus, criança de Belém e Servo sofredor.
O presépio é a primeira pregação de Jesus, o resumo do
seu estilo de vida. Em silêncio, Ele nos ensina o valor da pobreza e do desapego
às glórias humanas, o valor efêmero das riquezas, a necessidade da humildade, o
testemunho dos valores mais importantes da vida: a mansidão, a bondade, a
paciência, a caridade para com o próximo, a harmonia na convivência humana, o
perdão das ofensas, a grandeza de coração. Acolher Jesus, dar ao Natal seu
verdadeiro sentido, comporta abraçar esse estilo. Por isso, o Natal cristão é
festa de paz e serenidade, de humanidade plena e amor sincero. Começando na
família. A troca de presentes entre amigos é sinal que queremos acolher Jesus, o
‘presente’ de Deus à humanidade. O Natal da Liturgia é um constante presente,
de gratidão e perdão. É a festa daquele que, sendo Deus, tornou-se irmão universal
para que a humanidade aprenda e viva a verdadeira felicidade.
A todos, irmãos e
irmãs, sobretudo aos que comigo acreditam no verdadeiro Natal, desejo FELIZ
NATAL!
Dom Armando