A
hermenêutica filosófica acontece de modo pleno enquanto diálogo, a relação com
o outro torna-se necessária e importante, pois há sempre a possibilidade de
outro ter razão, nisto consiste a alma da hermenêutica. A dialética dialógica
não conduz a uma finalidade, mas deixa um lugar à liberdade humana. O diálogo
hermenêutico acontece na relação entre parceiros e não entre espectadores
passivos, neste diálogo ocorre uma reciprocidade, e uma exigência fundamental é
que no diálogo hermenêutico, os parceiros acolham a palavra um do outro, o que
é chamado de “princípio de caridade”.
No
tocante as afinidades entre amizade e hermenêutica filosófica, podemos dizer
que a proposta socrático-platônica leva-nos à dimensão ética, que está voltada
para uma “vontade de verdade” que requer domínio racional de si mesmo e em
segundo lugar se alimenta de um impulso passional, amor a verdade. ‘“Há que se
fazer as coisas que são acordadas com alguém que são justas”’
A
cerca da amizade que neste caso é muito levada em conta, Aristóteles nos
apresenta três espécies: uma motivada pela virtude, outra pelo útil, e outra
impulsionada pelo agradável; disse que a amizade se constitui pela
reciprocidade pratica do “bem querer”. A consciência da existência do amigo é
um bem e sua concretização se dá ao longo do convívio, é ela quem nos conforta,
não deixando que os nossos ânimos se abatam.
É
Aristóteles quem fundamenta a hermenêutica filosófica, para justificar uma vida
pautada pelas condições e exigências da amizade. Conclui-se que a hermenêutica
filosófica consiste numa postura, mais que numa atividade
metodológica-estratégica, postura esta, que se toma frente ao outro, com quem
se dialoga e se faz compreender. Esta compreensão só poderá acontecer, como nos
indica o mesmo filósofo, quando formos capazes de abrir mão de nossas ideias,
para assim podermos acolher o novo, que o outro nos apresenta, e assim, o diálogo
ocorre numa reciprocidade, de ideias distintas, porém flexíveis ao verdadeiro
sentido da amizade.
Max Sabrino
3º Filosofia