Jl
2, 12-18
Salmo:
50 (51)
2Cor
5, 20-6,2
Mt
6,1-6. 16-18
“Misericórdia, ó Senhor, pois
pecamos.”
Hoje estamos iniciando, com a quarta-feira de
cinzas, o tempo da quaresma. Tempo de retiro espiritual em que desejamos estar
sensíveis a penitência e a conversão. A
liturgia nos oferece a reflexão sobre a autenticidade da penitência para este
dia, “rasgai o vosso coração e não as vossas vestes” (cf. Jl. 2,12-18). O
Evangelho enfatiza o jejum, a esmola e a oração, boas obras que auxiliam no
processo da conversão. A segunda carta de São Paulo aos Coríntios anuncia o
tempo de reconciliação com Deus.
O convite relatado na primeira leitura – “rasgai
vossos corações, não as vossas vestes”, ilustra a necessidade do aprofundamento
da fé e do testemunho na vida, diz um não à superficialidade, a tudo aquilo que
é aparente e supérfluo. Deus, quando exortado pelos judeus, que observavam o
jejum, a penitência e a oração, os ouviu.
O jejum e a penitência são renúncias, livre e
consciente de alimentos, situações e posturas que visam a obtenção de algo
maior e verdadeiramente necessário ao crescimento humano e espiritual, é o
reconhecimento de que o humano não é alto-suficiente; já a oração é o alimento
que fortalece a intimidade, desperta a sensibilidade e cria laços concretos de
amizade entre Deus e sua criatura.
São Paulo, exortando os Coríntios, (II leitura:
2Cor. 5,20-6,2) escreve sobre o tempo favorável. Insiste que a comunidade de
Corinto, também nós hoje, não podemos ignorar o desejo de reconciliação que
Jesus Cristo nos oferece quando assumiu os nossos pecados. A proposta é esta:
em Cristo todos podemos mudar de vida e o tempo certo é agora.
O Evangelho (Mt. 4,17) reforça a mensagem quanto a
importância da esmola, do jejum e da oração no oculto, é Deus quem conhece os
corações, quem vê tudo aquilo que está em segredo, não devendo o homem se
importar tão somente em rasgar as vestes. É preciso entrar no quarto e em
segredo orar a Deus, e não o contrário: pronunciar superficialmente o seu nome
nas esquinas das praças para que todos possam vem.
O caminho que ora se inicia, retiro quaresmal, é
oportuno para que possamos revisitar as experiências relatadas na história do
povo de Deus: os quarenta dias em que Nosso Senhor Jesus Cristo jejuou no
deserto (cf. Mt 4,3); que Moisés permaneceu no monte em diálogo com Deus (cf.
Ex. 24,18); os quarenta anos que o povo judeu perambulou pelo deserto rumo à
Terra prometida(cf. At. 7,36); que os ninivitas fizeram penitência de seus
pecados (cf. Jn. 3,4) e os quarenta dias que Jesus permaneceu na terra depois
de ressuscitado, e assim, com os ensinamentos adquiridos sejamos dignos de recebermos
a recompensa do Pai que tudo vê.
Vivamos, pois, o tempo da quaresma com profundo
recolhimento e zelo sem nos esquecermos da nossa condição de pecadores.
Assinalados com as cinzas, não percamos a consciência de nossa origem e da
nossa morte corporal, entendendo que o nosso destino último não é o pó, mas a
eternidade em Deus, Cristo ressuscitou e da morte nos libertou.
Ainda como auxilio para o itinerário quaresmal, a
igreja neste ano de 2015 oferece a reflexão a cerca da Campanha da Fraternidade
com o tema: “Eu vim para servir” (cf. MC 10,45), Fraternidade: Igreja e
Sociedade.
Agora é o tempo favorável, o tempo da fraternidade,
do serviço, de uma sociedade colhedora, justa e disposta a reconciliar-se com
Deus. Boa caminhada a todos nós!
Antônio Carlos
Flor Bomfim
(Seminarista -
4º ano de teologia)