Algumas impressões da Filosofia da Comunicação

Quando escutamos a palavra filosofia, notamos que quase sempre vem acompanhada de outra expressão. Essa ideia exprime o direcionamento de tal reflexão no sentido de demonstrar qual linha de pensamento será abordada. No desenvolver da História da Filosofia muitas ‘filosofias’ foram elaboradas (da consciência, política, da ciência, da linguagem etc.) como formas de especificar as bases do tipo de abordagem filosófica que se pretende realizar.
Após os mais diversos tipos de filosofia, está sendo desenvolvida na atualidade a filosofia da comunicação. Mas, o que significa esse novo paradigma de pensamento? E como pensar uma filosofia da comunicação a partir das novas formas de se comunicar? Estas e tantas outras perguntas surgem com frequência diante dessa temática pertinente e muito significativa para a atualidade tão caracterizada pela era da comunicação virtual. O novo paradigma da razão comunicativa possibilita uma reviravolta no pensamento filosófico e sugere uma maneira de refletir. Assim, realiza-se uma atualização no ato de filosofar, porém não como novidade já que a Filosofia sempre se renova tanto nas descobertas de novas linhas de pensamento como na própria forma de caminhar em busca da verdade. De fato, o objetivo da filosofia da comunicação consiste em assumir com seriedade a atuação das palavras que são emitidas em contexto distintos permitindo a discussão das proposições susceptíveis de verdade que não resultam da nossa reflexão.
Devido à relação com a linguagem e com a hermenêutica, a filosofia da comunicação observa a palavra e o discurso minuciosamente a fim de compreender o sentido da mensagem transmitida. Como cada comunidade (linguística, cultural, científica ou social) possui uma forma específica de se comunicar, variando desde os códigos utilizados até as formas de transmiti-los, é preciso estar atento e reconhecer a inexistência de uma comunicação ideal que exprima validade aceita por todos. Contudo, como afirma Albrecht Wellmer, essa constatação não implica a inexistência de um ideal de comunicação.
O ato de comunicar implica a pretensão de expor a verdade, ou pelo menos, o critério de validade que julgamos existir em nossos discursos. Para Wellmer, a seriedade é condição imprescindível para que as afirmações que apresentamos sejam aceitas e compreendidas pelos outros. Entretanto, não podemos pensar que somos os únicos detentores da verdade, precisamos admitir, quando necessário, a dúvida e os posicionamentos de outrem, retirando nossa pretensão pela verdade. Por esse motivo e pelas variadas comunidades, Wellmer questiona sobre a relatividade da verdade. Certamente, é muito raro que culturas, línguas e sociedades pensem sempre da mesma forma na hora de validar suas afirmações.
Em nossos dias, deparamos com muitas formas de comunicação. A comunicação virtual sobressai como a ‘preferida’ de muitos, porque é mais rápida, criativa e por que não dizer mais cômoda. Diante dessa nova realidade, a reflexão proposta na filosofia da comunicação nos permite refletir sobre os critérios de validade que utilizamos para validar nossos argumentos e os dos outros. Mas, como é possível compreender a validade do conteúdo de mensagens obscuras, cuja ideia destina-se a uma dupla interpretação – como é comum nas redes sociais? Pensemos!

Marcos Bento
 1º Teologia