SOLENIDADE DO PENTECOSTES


LEITURAS:
Atos 2,1-11;
Salmo 103/104
1Cor 12,3b-7.12-13;
Jo 20,29-23

Hoje, na oração do dia, pedimos a Deus que santifique a Igreja inteira... e derrame por toda a extensão do mundo os dons do Espírito Santo e realize nos corações dos fiéis as maravilhas que operou no início da pregação do evangelho.
Celebramos a grande festa de Pentecostes; começa o ‘tempo da Igreja’, isto é, a caminhada da Comunidade dos discípulos e das discípulas de Jesus. “Eu pedirei ao Pai, e Ele dará a vocês outro Advogado (Paráclito), que esteja com vocês para sempre. É o Espírito da Verdade... Eu não deixarei vocês órfãos, mas voltarei para vocês” (Jo 14,16.18). Agora, a promessa se realiza. Já no dia da ressurreição – afirma o texto do Evangelho – Jesus sopra sobre os discípulos e diz “Recebam o Espírito Santo...”. Cinquenta dias após esse encontro, na festa hebraica de Pentecostes, eis uma marcante efusão do Espírito, como narra o texto dos Atos dos Apóstolos (I leitura).
Tantas vezes, nos evangelhos, ouvimos Jesus falar do Espírito, sobretudo em João. No batismo, o Espírito desce sobre Jesus (cf. Mc 1,10 e par.), que volta do Jordão ‘cheio do Espírito Santo’, e ‘no Espírito é conduzido pelo deserto’ (Lc 4,1); aos discípulos, Jesus promete o Espírito, sobretudo para defendê-los na hora da perseguição (cf. Mc 13,11). A presença e atuação do Espírito que acompanhou a missão de Jesus, tornam-se ainda mais urgente na missão da Igreja.
Tudo – mais uma vez - acontece com um sopro. O sopro da vida que pairava já na criação, agora acompanhará, de maneira firme, os passos dos que seguem a Jesus. A vida íntima de Deus, o Amor que une as divinas Pessoas, será doado aos discípulos e eles terão a capacidade divina de ser ‘suas testemunhas’ em todo canto, falando todas as línguas para que a todos seja doada a ‘bela Notícia’ de Jesus e a força de Deus, que os sustentará. Começam a se realizar as promessas (cf. At 1,8), e a ser levada a ‘bela Notícia’, nas asas do Espírito e nos pés dos evangelizadores, pelo mundo afora, em todo canto. É um anúncio de paz e de perdão que se expande pelo mundo inteiro: esse é o projeto de Jesus que o Espírito vai difundir com a colaboração dos discípulos.
A missão da Igreja consiste em acolher a paz do Senhor e seu perdão para levar a todos, com seu testemunho, esses dons do Senhor. Uma nova linguagem – a do amor – começa ecoar e todos a entendem, e os que estavam na praça de Jerusalém, naquela manhã, não sem maravilha, dizem: os escutamos anunciar as maravilhas de Deus em nossa própria língua. Para que isso aconteça, pede-se abertura do coração e disponibilidade interior. Assim, a mesma força do Espírito que conduziu a Jesus, vai conduzir agora os discípulos.
O Espírito, o ‘companheiro inseparável de Jesus’ (Basílio de Cesareia), depois de ter sido enviado pelo mesmo Jesus, agora será o companheiro inseparável de sua Igreja e de cada batizado/crismado. O Espírito vai conduzir na compreensão sempre mais profunda da Palavra de Jesus. Cada um o experimenta em sua vida quando se deixa animar por esse divino Sopro. Jesus nos revelou o essencial para a salvação, mas o conhecimento dele e do Reino e sua realização, vão acontecendo em nossa vida pessoal e na vida da Igreja, pouco a pouco, sempre sob a inspiração e com essa força divina. Os novos acontecimentos de nossa vida e do mundo podem ser entendidos sob a luz do Espírito, que não falta. Antes, com alegria, Ele o dará a quem o pedir: “Se vocês, que são maus, sabem dar coisas boas a seus filhos, quanto mais o Pai do céu dará o Espírito Santo aos que lhe pedirem” (Lc 11,13).
Enfim, um último ensinamento recebemos de Paulo (II leitura). O Espírito é dado a cada um de maneira própria para que o coloque – como serviço – para o bem comum, para formar ‘um único corpo’, porque nós ‘mergulhamos’ num único Espírito e podemos matar a sede de Deus e de vida plena, somente, bebendo às fontes de água viva que brotam do Seu lado aberto.
Sobretudo na Eucaristia, o sopro divino é derramado sobre o pão e o vinho para transformá-los em corpo e sangue do Senhor, e ‘nós que participamos do corpo e sangue de Cristo sejamos reunidos pelo Espírito Santo, num só corpo’ (Oração Eucarística II).

Dom Armando