Compreende-se
por Fenomenologia, etimologicamente, o “estudo do fenômeno”. Em Husserl a
entendemos como “tudo aquilo que se apresenta a nossa consciência”. Essa
abordagem do termo traz consequência ao universo filosófico, a partir dela o pensador
alemão desenvolve um caminho que fornece fundamentos sólidos a própria
filosofia: a Fenomenologia, mas, o que ela é?
Primeiramente,
torna-se imprescindível a compreensão do fenômeno como aquilo de que somos
capazes de ter consciência, independentemente do modo, sentidos, conceitos,
imaginação etc. Husserl estabelece a Fenomenologia como um movimento de ideias
que tem seu próprio método, e antes, como uma ação filosófica que tem por
objetivo alcançar, de modo rigoroso, o conhecimento. Pode-se dizê-la como via
que busca libertar a Filosofia de toda inflexão, sem, contudo, lançá-la no
relativismo, porquanto propõem uma “volta as coisas mesmas”, e neste movimento valoriza
a intuição do sujeito, entendida como um olhar próprio ao fenômeno, ora
apresentado.
Husserl
elaborou o método fenomenológico. Este consiste em acessar e submeter a
consciência à análise. Aqui, entende-se que quando o fenômeno se apresenta,
adjunto a ele captamos a sua essência em nossa consciência, por isso a
necessidade de um método que nos faça trazer a luz, a razão, o que fora
apresentado. Compreende-se, também, que a nossa consciência está sempre atenta,
e que tem “sede” de conhecer, ela está alerta a todo tempo buscando captar os
fenômenos, pois a consciência só é, sendo, “consciência de algo”, o que nos dá
o entendimento da intencionalidade que é inerente a própria consciência.
Como
método, verifica-se uma ordem condicionada, a saber: Redução, Epoqué ou
Suspensão do juízo; Caráter a Priori e Evidência Apodítica.
O
Primeiro constitui o fato de “abrir uma parêntese” da realidade, não anulando-a,
mas deixando “a parte”, para que não haja influência de fatores como os pré-conceitos,
conhecimentos ou teorias prévias no mergulho em busca da essência do Fenômeno
mesmo. É um “meu olhar” sobre o Fenômeno apresentado na subjetiva consciência
de cada indivíduo.
Enquanto
isso o caráter a priori diz respeito ao fato de se olhar o fenômeno mesmo, em
si mesmo, e não a sua mera compreensão empírica, factual, material. É um
voltar-se a ideia, não a atribuições postas sobre ela, ou a elementos sensíveis.
Busca-se a essência do Fenômeno, aquilo que está presente nele e que torna-o
ele mesmo.
A
evidência apodítica situa-se no nível da vivência fenomenológica, o que implica
dizer que é anterior a toda construção da percepção de conceitos, isto é, encontro
da consciência com a essência do Fenômeno e a sua compressão, que embora não
total, já naquele ponto é verdadeira, visto que para se chegar aqui faz-se uma
“purificação” da consciência, livrando-a de pressupostos e inclinando-a ao
fenômeno mesmo que por sua vez pode ser contactando, naquilo que é essencial,
por essa consciência.
Por
conseguinte, Husserl ao elaborar essa teoria, colabora com o pensamento humano,
em um período conturbado da história – décadas iniciais do século XX –
porquanto possibilita a Filosofia livrar-se das amaras impostas pelos extremos
do pensamento moderno, a saber, empirismo, cientificismo, racionalismo,
relativismo. Isso no exercício da Fenomenologia, que se posiciona como uma nova
“primeira filosofia”, enquanto esta se propõe a analisar descritivamente as
vivências da consciência, expurgada de pressupostos, o que gera,
necessariamente, um conhecimento, rigoroso, da essência do fenômeno.
Kleber
Chaves
2º
Filosofia
Colaboração: Élcio Neves e
Gean Santiago (2º filosofia)