MATRIMÔNIO 15

      Estamos refletindo a respeito da celebração do sacramento do Matrimônio e, ultimamente, analisando algumas das leituras que o Ritual indica para a celebração desse sacramento. Hoje vamos considerar duas leituras da I carta de São João.
      A primeira tem como título: Amemos com ações e de verdade (1Jo 3,18-24). O apóstolo repete, com insistência: o amor deve ser visível; a autenticidade da fé passa pela concreteza do amar: Filhinhos, não amemos só com palavras e de boca, mas com ações e de verdade! Crer e amar, portanto, resumem a nossa adesão a Jesus Cristo, onde o crer no Filho que Deus enviou ao mundo, significa amar a Deus. A confissão autêntica da fé cristã e o amor recíproco são a prova da presença atuante do Espírito na vida do cristão.
      O segundo texto da carta de são João, proposto para a liturgia do Matrimônio, tem o título: Deus é amor (1Jo 4,7-12). É o amor que manifesta a autenticidade da fé. O fundamento de tudo se encontra em Deus, naquele Deus que Jesus mostrou com sua morte na cruz, prova suprema de amor. Aos que estavam difundindo ideias errôneas, de um pretenso conhecimento superior de Deus, o apóstolo responde que somente quem ama chegou a conhecer Deus, pois Deus é amor. Desejar amar somente a Deus, esquecendo-se dos outros, não é o verdadeiro amor cristão. O nosso texto acrescenta mais uma recomendação: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi Ele, Deus, que enviou o Filho ao mundo. Por isso, nós também devemos amar-nos uns aos outros.
      Esses textos, lidos na celebração litúrgica do Casamento, adquirem um sentido especial. Pretendem explicar qual é o estilo de vida de um casal e como deve viver quem ‘casa no Senhor’. Matrimônio celebrado na Igreja pede convicções e atitudes de fé, um conhecimento amoroso de Jesus e uma fé que gera e amadurece um estilo de vida segundo o amor que Jesus mesmo teve para com a humanidade. Em outras palavras, contemplando o amor de Deus, o casal é chamado a se colocar à escola de Jesus e aprender dele a amar. Ama de verdade e não ‘de boca’ quem demonstra cuidar da pessoa amada, zela por ela, procura fazê-la feliz com seus comportamentos cotidianos e sua fidelidade.
      Esse amor é divino! Torna-se sinal do amor de Deus que Jesus nos deu a conhecer; um amor grande, intenso, humilde, paciente, fiel. Somente quem vive crendo no Filho de Deus, isto é, doando seu coração ao Senhor Jesus e alimentando essa fé com a Palavra e a oração, terá a capacidade, como dom do alto, de amar sua esposa / seu esposo desse jeito. Eis o sentido do sacramento do Matrimônio.
      Não precisa acrescentar palavras para dizer a distância entre a proposta da Palavra de Deus e a realidade. Por isso, os que pretendem celebrar seu Casamento ‘no Senhor’ devem ter um conhecimento de Jesus e de sua proposta de vida nova e não reduzir a superficial cerimônia esse evento. Possam os casais cristãos, acolher essa proposta e viver nesse amor, recomeçando a todo dia.

Dom Armando