Estamos
refletindo a respeito da celebração do sacramento do Matrimônio e, ultimamente,
analisando algumas das leituras que o Ritual indica para a celebração desse
sacramento. Hoje vamos considerar duas leituras da I carta de São João.
A
primeira tem como título: Amemos com ações e de verdade (1Jo 3,18-24). O apóstolo repete, com
insistência: o amor deve ser visível; a autenticidade da fé passa pela concreteza
do amar: Filhinhos, não amemos só com
palavras e de boca, mas com ações e de verdade! Crer e amar, portanto,
resumem a nossa adesão a Jesus Cristo, onde o crer no Filho que Deus enviou ao mundo, significa amar a Deus. A confissão autêntica da fé
cristã e o amor recíproco são a prova da presença atuante do Espírito na vida
do cristão.
O
segundo texto da carta de são João, proposto para a
liturgia do Matrimônio, tem o título: Deus
é amor (1Jo 4,7-12). É o amor que manifesta a autenticidade da fé. O fundamento
de tudo se encontra em Deus, naquele Deus que Jesus mostrou com sua morte na
cruz, prova suprema de amor. Aos que estavam difundindo ideias errôneas, de um
pretenso conhecimento superior de Deus, o apóstolo responde que somente quem
ama chegou a conhecer Deus, pois Deus é
amor. Desejar amar somente a Deus, esquecendo-se dos outros, não é o
verdadeiro amor cristão. O nosso texto acrescenta mais uma recomendação: não
fomos nós que amamos a Deus, mas foi Ele, Deus, que enviou o Filho ao mundo.
Por isso, nós também devemos amar-nos uns
aos outros.
Esses
textos, lidos na celebração litúrgica do Casamento, adquirem um sentido
especial. Pretendem explicar qual é o estilo de vida de um casal e como deve
viver quem ‘casa no Senhor’. Matrimônio
celebrado na Igreja pede convicções e atitudes de fé, um conhecimento amoroso de Jesus e uma fé que gera e amadurece um
estilo de vida segundo o amor que Jesus mesmo teve para com a humanidade. Em
outras palavras, contemplando o amor de Deus, o casal é chamado a se colocar à
escola de Jesus e aprender dele a amar. Ama de verdade e não ‘de boca’ quem demonstra
cuidar da pessoa amada, zela por ela, procura fazê-la feliz com seus
comportamentos cotidianos e sua fidelidade.
Esse
amor é divino! Torna-se sinal do amor de Deus que Jesus nos deu a conhecer; um
amor grande, intenso, humilde, paciente, fiel. Somente quem vive crendo no Filho de Deus, isto é, doando
seu coração ao Senhor Jesus e alimentando essa fé com a Palavra e a oração,
terá a capacidade, como dom do alto, de amar sua esposa / seu esposo desse
jeito. Eis o sentido do sacramento do
Matrimônio.
Não
precisa acrescentar palavras para dizer a distância entre a proposta da Palavra
de Deus e a realidade. Por isso, os que pretendem celebrar seu Casamento ‘no
Senhor’ devem ter um conhecimento de
Jesus e de sua proposta de vida nova e não reduzir a superficial cerimônia esse
evento. Possam os casais cristãos, acolher essa proposta e viver nesse amor,
recomeçando a todo dia.
Dom
Armando