SOLENIDADE DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO REI DO UNIVERSO

A festa de Cristo Rei foi instituída pelo Papa Pio XI no ano de 1925 para exaltar o Reino de Cristo contrapondo, deste modo, o laicismo e relativismo reinante no período.
Com a festa de Cristo Rei celebrada no último domingo do tempo comum, a liturgia quer nos propor a coroação do ano litúrgico. Encerra-se o ano litúrgico, apresentando e mostrando aos fiéis que Jesus é o nosso grande rei, aquele que reina amorosamente sobre todo o universo. O seu reino não tem fim.
As leituras deste domingo são todas apocalípticas. O seu gênero literário apresenta visões do outro mundo, visões transcendentais. Enquanto os reinos da terra têm seus reis que governam, mundanamente, oprimindo, explorando, conduzindo impiedosamente as coisas, o profeta Daniel fala de um “Filho do Homem” que desce das nuvens com poder e glória, e seu reino é eterno e nunca será destruído.
Diante das atrocidades que assistimos neste mundo e desde sempre, às vezes, parece fazer-nos convencer de que as forças malignas são vitoriosas e irão triunfar. Porém, Deus que é o Senhor da História, mostra, em Jesus, seu Filho Amado, que o reino do bem é que irá vencer para sempre. O livro do Apocalipse nesta leitura de hoje nos apresenta “Jesus Cristo, testemunha fiel, primogênito dentre os mortos e soberano dos reis da terra”(Ap v.5). Diferente de outros reis que a História tem nos apresentado, Jesus é “Aquele que nos ama e que nos lava dos nossos pecados”. O seu reino, portanto, é diferente, é um reino de amor, de justiça e de paz.
O Evangelho deste dia nos traz o episódio de Jesus diante de Pilatos, quando foi interrogado por ocasião de sua prisão, e que o conduziu à morte, em seguida. Pilatos faz uma inconveniente pergunta a Jesus para ouvir de sua boca a resposta, ou melhor, a confirmação de que ele seria o rei dos judeus. É evidente a maldade e a malícia da pergunta. No mesmo instante, o Mestre também o interroga com inteligência e soberania. Jesus quer saber se Pilatos é autêntico, se faz uma avaliação das coisas por conta própria ou se é do tipo que acredita em fofocas: “Diz isso por ti mesmo ou foram outros que te falaram de mim?”
Diante da covardia de Pilatos, Jesus assume com autenticidade o seu reinado: “O meu Reino não é deste mundo”. Nesse momento, Jesus eleva o discurso em um nível superior. Qualifica a sua missão como soberana e divina. Jesus tem um modo de reinar diferente; não se rende aos caprichos mundanos dos tiranos que exploram e matam, que usam da autoridade para benefício próprio e perpetuação no poder. O reino de Jesus é diferente, é de serviço, de doação, de amor, de dedicação aos outros, em especial aos humildes, aos pequeninos, aos pobres sem voz e nem vez.
Jesus confirma que é rei sim, é majestoso para testemunhar, regiamente, a verdade. Jesus não veio para ensinar a verdade, mas para testemunhá-la com a própria vida. Veio para isso, e quem é da verdade o entende, o compreende, o escuta, o reconhece e o segue.
No mundo em que vivemos, no contexto social, político, econômico, religioso e cultural que presenciamos, apresentar Jesus como o nosso Rei, é mostrar um modo diferente de ser e de se relacionar. Estamos fartos ou enjoados das figuras que têm poder. Elas não conseguem mais ser referenciais de coisa nenhuma para os habitantes do Planeta nem nos representar humanamente, salvo raras exceções. Queremos, por tudo isso que conhecemos dos nossos tempos e dos poderosos que nos governam, reafirmar o Cristo como o nosso soberano, não como os soberanos da Terra que vilipendiam as pessoas, através dos seus desmandos, mas como aquele que se rebaixa para nos acolher na nossa frágil condição humana e pecadora, e na sua condescendência amorosa e divina, nos amar, salvando-nos. 
Pe. Nicivaldo de Oliveira Evangelista
Pároco de Ibitiara