Nas
leituras bíblicas que o ritual propõe para a liturgia do Matrimônio, encontramos
quatro textos do evangelho de João.
Trata-se de quatro páginas bem significativas que, no contexto da celebração
litúrgica do matrimônio, adquirem sentido peculiar.
Começamos
com as bodas de Caná (Jo 2,1-11). O
evangelista observa que este foi o ‘início dos sinais de Jesus’. A página é repleta de simbolismo. Na atuação de Jesus,
Deus realiza sua promessa de amor para com a humanidade. O vinho, que veio a faltar,
e a água, nas talhas de pedra, transformada em vinho, falam dos tempos
messiânicos que estão chegando. Maria, a mãe de Jesus, estava presente e
intervém, evidenciando o constrangimento do casal. Jesus reage com palavras, aparentemente,
duras; mas, nelas, Jesus manifesta a consciência da hora em que manifestará seu amor total para com a humanidade. Será
a hora de sua morte e, para isso, Ele deve ser movido somente pela vontade do
Pai; ninguém, nem a mãe, pode intervir. Novos laços de parentesco, agora, se instauram.
Lida
no contexto do casamento, a página bíblica aponta para uma novidade de vida e
para uma aliança de amor que o casal pretende realizar. Com sua presença, Jesus
representa o novo Adão – como Maria a
nova Eva – símbolo da nova humanidade. Cada casal com seu laço de amor abençoado
por Cristo é chamado a ‘dar início’ a uma nova história que manifesta o amor de
Deus para com a humanidade, seguindo o exemplo de Jesus. Maria aponta para
isso.
Outra
página do evangelho de João é tirada do capítulo 15, 9-16 (com dois textos, em
seguida). Na longa conversa de Jesus durante a última Ceia, duas palavras
recebem destaque: Permanecei no meu amor
e Este é o meu mandamento: Amai-vos uns
aos outros. Lidas na liturgia do Matrimônio, as palavras de Jesus adquirem
um sentido bem concreto: amar para um casal que casa ‘no Senhor’, significa permanecer
na Palavra, isto é, viver unido a Jesus, Palavra definitiva do Pai. É Jesus
que, com seu exemplo e com a doação de si mesmo, dá sentido à palavra amor. Amar significa dar a vida
pela pessoa amada. O discípulo de Jesus deve estar consciente disso. Casar na
Igreja comporta um amor maduro, alicerçado em Cristo, e permanecendo nEle. O cristão que casa no Senhor é chamado a ‘produzir fruto’ e responder à vocação de
amar, alimentando uma confiança profunda no Pai, e viver esse amor na vida do
dia-a-dia, na família, antes de tudo, espaço novo de sua existência.
Sustentados
por essa espiritualidade, os que celebram seu amor no Senhor terão força para superar as dificuldades da vida
matrimonial e poderão saborear e intimidade de uma vida de amor que, a cada
dia, encontra nova seiva no amor do Senhor.
Tudo
isso desejo aos casais que lerem esta página. Com a graça de Deus, possam ser sinais
vivos e verdadeiros do amor de Jesus.
Dom Armando