Hoje,
a Igreja entra no Tríduo pascal, isto
é, na celebração da memória litúrgica da paixão, morte e ressurreição do
Senhor, o acontecimento que fundamenta a nossa fé. O evento, que chamamos de mistério pascal, é celebrado como numa
única celebração: é ‘o ápice do ano litúrgico’ (NALC, 18), o coração da vida da
Igreja. Termina o tempo da Quaresma, tempo de preparação, e entramos na memória litúrgica que, pela fé da
Igreja, é atualização da salvação que Jesus nos mereceu com sua morte na cruz.
A igreja recomenda que as comunidades procurem conhecer ‘do melhor modo
possível’, o ‘significado e os ritos das celebrações’ e, assim, participar
delas ‘ativa e frutuosamente’.
O
Tríduo pascal se abre na Quinta-feira santa. A celebração tem início com o
tabernáculo vazio. Depois das leituras e da homilia, segue o lava-pés. Recorda o que Jesus fez no
início da Ceia de despedida. Neste dia, a Igreja recorda a instituição da
Eucaristia e do sacerdócio ministerial e da entrega do grande mandamento do
Senhor: amem-se como eu amei vocês! O
lava-pés expressa a entrega, por amor, daquele que veio não para ser servido, mas para servir e ‘sendo Deus... humilhou-se até morrer na cruz’. Ele nos deu o
exemplo para que o imitemos! Na celebração, segue a procissão das oferendas,
com dons para os pobres, a Oração Eucarística, a comunhão, a procissão com o
Santíssimo Sacramento para o local onde será conservado para a adoração dos
fiéis e a comunhão na celebração da Paixão.
Na
Sexta-feira santa, é o dia do Crucificado, a Igreja comemora seu
nascimento ‘do lado aberto de Cristo que repousa na Cruz’. A celebração se abre
com uma prostração profunda e silenciosa e uma oração. Seguem as longas
leituras, com a proclamação da paixão segundo o evangelista João. Temos a
grande oração universal, ‘intercedendo pela salvação do mundo inteiro’ e a
adoração de Jesus Crucificado - ponto alto da celebração; enfim a comunhão
eucarística. Nas duas orações finais, a Igreja que celebrou a paixão e morte do
Senhor ‘na esperança de sua ressurreição, pede que, pela participação neste
mistério, possa consagrar a ele toda a sua vida’; e a assembleia se despede em
silêncio. Lembramos que, neste dia, a Igreja pede aos fiéis o ‘jejum pascal’, ‘porque o Esposo lhe é
tirado’, e aconselha que continue jejuando até após a Vigília pascal.
Sábado Santo, o dia do Sepultado. É muito oportuno a
comunidade reunir para a celebração da Oração da manhã (Laudes), em profunda
contemplação daquele que por nós morreu ‘permanecendo junto ao sepulcro do
Senhor, meditando sua paixão e morte, a sua descida à mansão dos mortos, e
esperando na oração e no jejum a sua ressurreição’.
Domingo de
Páscoa, dia
do Ressuscitado. Começa com a Vigília Pascal, na noite do Sábado,
‘noite em que Jesus rompeu o inferno, ao ressurgir da morte vencedor’ (Precônio
pascal).
A
celebração consta de quatro momentos: o lucernário, isto é, a bênção do fogo, a procissão com o Círio
pascal e Proclamação da Páscoa, b) Liturgia da Palavra, com as 9 leituras que
percorrem a história da salvação e terminam com a solene proclamação da
Ressureição de Jesus; c) a Liturgia batismal, com a celebração do batismo (se
houver batizandos), a bênção da água, a renovação das promessas batismais e a
aspersão: ‘desse modo, gestos e palavras recordam-lhes o batismo recebido’; d)
a Liturgia Eucarística, a quarta parte da vigília, é o seu cume, pois é ‘a
plenitude do sacramento da Páscoa, o memorial do sacrifício da cruz e presença
de Cristo ressuscitado, consumação da iniciação cristã e antegozo da Páscoa
eterna’. A comunhão desta noite deve revelar ‘a plenitude do sinal eucarístico,
recebido sob as espécies do pão e do vinho’.
O
dia de Páscoa ‘é o dia que o Senhor
fez para nós’, dia de alegria, fundamento do ‘dia do Senhor’. A celebração deve
receber especial solenidade. A celebração começa com a aspersão da água
abençoada na Vigília. Muito aconselhado é terminar este dia santo com a
celebração das ‘Vésperas batismais’,
na tarde.
Lembremos
que a celebração da Páscoa continua durante os 50 dias do tempo pascal
como um ‘grande domingo’, destacando os ‘oito primeiros dias’, ‘celebrados como
solenidades do Senhor’.
Dom Armando