A
vida é tema recorrente na literatura, na filosofia e na arte, sendo uma
temática que abrange todas as áreas do conhecimento humano. Na concepção de
Nietzsche, Vida é vontade que cria, é um constante processo de autocriação.
Categoria
fundamental para compreendermos a proposta do filósofo alemão é relacionar vida
e natureza, como forças antagônicas e que ao mesmo tempo convergem. A vida é
como uma obra de arte aberta às diversas interpretações. É, portanto, um
fenômeno estético e não um fenômeno em si mesmo. O homem, como escultor do seu
próprio destino: aqui o artista e a sua obra estão juntos em constante processo
de criação.
Para
Nietzsche não é possível avaliar a vida, à medida que nós, seres humanos, somos
limitados. Sempre falamos da vida a partir dela mesma, a nossa razão não pode
nos dizer o que ela é, é primeiramente o devir, em constante transformação. A
crítica nietzschiana se dá pela impossibilidade da moral e da antropologia
avaliar o valor da vida e da existência humana.
Nietzsche
elaborou uma filosofia da natureza que se apresenta como cosmológica, uma
cosmologia artística por assim dizer. A compreensão da natureza pode ser feita
a partir de uma investigação genealógica. Para compreender a sua concepção de
natureza é preciso analisar o valor supremo, o valor dos valores, bem como,
levar em conta que a cosmologia nietzschiana está ligada à vida. O que ele
pretendeu, com sua explicação, foi unificar esta teoria de forças, neste
processo genealógico e cosmológico.
Como
compreender o homem a partir deste pensamento? Qual é a grandeza do homem? Em
seu Zaratustra o filósofo nos apresenta o além-do-homem, o super-homem, aquele
que supera a si mesmo, aquele no qual a vontade de potência age continuamente.
Vale destacar que o filósofo não admite leis causais, essa relação de causa e
efeito. A natureza é o “outro” da vida, é ainda a própria vida.
O
que é a natureza senão este enigma sombrio, escrito em hieroglífico? O homem é
o seu perene intérprete e tradutor e vida é, antes de tudo, “vontade de
potência”. Este processo de interpretação necessita do amparo genealógico, pois
o tempo é eterno e é preciso fazer uma hermenêutica dos valores. O homem é
aquele que é capaz de ler este longo texto e ao menos tentar compreendê-lo.
Este processo dinâmico do fluir ocorre no instante, ou seja, não é possível ir
contra a natureza. Ao contrário, é preciso compreendê-la, pois a felicidade, de
certa maneira, encontra-se nela e é através dela que a vida mostra-se como
vontade de potência.
Alisson Caires
1º Teologia