Em
minhas reflexões sobre liturgia, estou apresentando alguns sinais e símbolos
usados nas celebrações litúrgicas. Entre os sinais e símbolos, encontramos as cores
que a nossa Igreja usa nas celebrações de sua liturgia. Em cada cultura, as
cores possuem um vivo sentido simbólico. Por exemplo, em nossa cultura, o
branco exprime alegria, festa, pureza; a cor vermelha está mais ligada a perigo
(lembram o semáforo?), amor (fogo), martírio (sangue); a cor verde recorda a
natureza, quando, depois da chuva, explode em toda a sua beleza.
Observemos,
ainda, que, na Bíblia, também, encontramos algumas
referências significativas. Por exemplo, no livro do Apocalipse, numerosas
vezes (15) a cor branca exprime a vitória ou o prêmio dos ressuscitados.
Escreve-se: “vi uma grande multidão... (todos)
estavam de pé diante do trono e diante do Cordeiro, trajados com vestes brancas
e palmas na mão (Ap 7,9). E um dos Anciãos explica: Estes ... lavaram suas vestes e alvejaram-nas no sangue do Cordeiro (Ap
7,14). Mas, desde o livro do Gênesis, encontramos referência às cores, quando
Deus coloca o arco-íris como sinal de
aliança (cf. Gn 9,13) e Apocalipse fala da Cidade Santa, a nova Jerusalém,
construída com pedras preciosas de todas as cores (cf. Ap 21, 18-20).
Fazendo
eco à linguagem cultural e bíblica, a liturgia usa cores diferentes nas suas
celebrações ao longo do ano. A Instrução
Geral do Missal Romano (IGMR n. 345) observa: “As diferentes cores das
vestes sagradas visam manifestar externamente o caráter dos mistérios
celebrados e, também, a consciência de uma vida cristã que progride com o
desenrolar do ano litúrgico”. Logo em seguida (n. 346), orienta-se dessa
maneira: “O branco é usado nos Ofícios e Missas do Tempo pascal e do
Natal do Senhor; além disso, nas celebrações do Senhor, exceto as de sua
Paixão, da Bem-aventurada Virgem Maria, dos Anjos, dos Santos não Mártires, nas
solenidades de Todos os Santos, de São João Batista. E nas festas: de São João
Evangelista, da Cátedra de São Pedro e da Conversão de São Paulo; o vermelho
é usado no domingo da Paixão e na Sexta-feira da Semana Santa, no domingo de
Pentecostes, nas celebrações da Paixão do Senhor, nas festas natalícias dos Apóstolos
e Evangelistas e nas celebrações dos Santos Mártires; o verde se usa nos
Ofícios e Missas do Tempo comum; o roxo é usado no Tempo de Advento e da
Quaresma; pode ser usado nos Ofícios e Missas dos Fiéis defuntos; o preto
pode ser usado, onde for costume, nas Missas dos Fiéis defuntos; o rosa
pode ser usado, onde for costume, nos domingos Gaudete (III de Advento) e Laetare
(IV de Quaresma); em dias mais solenes podem ser usadas vestes sagradas
festivas ou mais nobres, mesmo que não sejam da cor do dia (cf. IGMR 346)”.
Na
liturgia, a variedade das cores tem a finalidade de ajudar a entrar mais
profundamente nos mistérios celebrados. De fato, a liturgia usa uma linguagem
em que todos os sentidos devem ser envolvidos, de modo que louvemos ao Senhor
com a totalidade de nossa pessoa: tudo o
que há em mim, bendiga o seu santo Nome (Salmo 103/102,1).
Enfim,
ressalto que não faz parte das orientações litúrgicas que as toalhas do altar e
as vestes dos ministros sejam da cor litúrgica do dia. Pode-se fazer, mas
recordo que a cor branca é a que mais se destaca na liturgia da nossa Igreja.
Dom Armando