A obrigação
moral
O ser humano é um ser social e carece da vida
em sociedade. Para que isso seja possível faz-se necessário um conjunto de leis
e normas que sejam capazes de reger a sociedade. Eis que surge uma indagação
que perpassa a vivência humana: o ser humano foi criado para seguir regras?
Nesta perspectiva, Bergson nos propõe uma reflexão acerca da obrigação moral
que para ele “uma coisa é um organismo submetido a leis necessárias, e outra,
uma sociedade constituída por vontades livres” (Bergson, 2005, p. 23).
Sendo assim, podemos pensar
que a vida em sociedade parte de princípios enraizados nos hábitos e estes, por
sua vez, seguem suas classificações, a saber: hábitos de comando e de
obediência, sendo o segundo de maior abrangência e detentor do poder de exercer
em nosso querer uma pressão ao decidir.
Partindo deste itinerário, Bergson adentra o
comportamento da humanidade fazendo uso da contemplação da natureza humana
deixando em destaque a dignidade do ser, descrevendo assim, as duas fontes da
moral.
A moral
fechada como pressão social
O autor deixa claro que a sociedade não é
formada por seres privados de liberdade, mas sim por indivíduos portadores do
livre-arbítrio. É neste contexto que a obrigação não deve ser vista como
imposição e sim como uma maneira de acrescentar uma porção de regularidade em
relação aos acontecimentos da vida, pois a obrigação tornar-se-á um atributo
para a necessidade humana como o hábito torna-se propício à natureza inerente
do ser.
A obrigação assume aqui o laço que une os
homens, primeiro liga cada ser em si mesmo e depois um eu social em cada um de
nós ao eu individual, expressando assim, a essência da nossa atitude
obrigacional. Esta ligação é realizada mediante o convívio social. Destaca-se,
pois, que a obrigação realizou proezas na vida social graças a inteligência do
homem e não ao instinto, pois este, não supera o primeiro. Para enfatizar a
necessidade da obrigação.
Analisando a obrigação, a partir deste contexto
que o autor nos apresenta, fica visível que esta obrigação moral está
entrelaçada em exigências sociais, uma vez que o homem é provido de hábitos que
se concretiza na imitação do instinto humano. Para ilustrar este pensamento,
Bergson faz uso do exemplo da formiga que trabalha incessantemente no
formigueiro para garantir a existência da sua espécie, sem saber ela que tudo
não se passa de gestos repetitivos que é próprio da sua espécie. Se a formiga
fosse provida de inteligência ela poderia desviar-se do seu itinerário, fugindo
assim, dos impulsos nela contidos, afastando-se, então, da obrigação que mantém
o formigueiro como ele é.
Segundo o autor, mesmo que realizemos nosso
dever, pode surgir em nós o princípio da resistência em fazê-lo e, ao mesmo
tempo, não poderíamos afirmar que esse dever necessite ser cumprido
mecanicamente, antes, faz-se necessário o querer fazer. A deliberação da
vontade, do querer é uma ação que é precedida de comandos racionais.
Élcio Bonfim
3º Filosofia