As bibliotecas, tanto
mais cheias de títulos quanto menos de gente que queira os livros – em papel,
ao menos – guardam em si as descobertas que os humanos foram empreendendo no
curso longínquo da história.
Dizem – os livros – de tudo:
do universo, dos microrganismos, dos países, das guerras, paz, adolescência,
envelhecimento, filosofia, piadas... Afinal: Que é o conhecimento? Quem conhece?
O que é conhecer?
De sempre – e parece que é
de sempre que tudo quanto se possa falar do homem costuma ir ao momento em
que ele percebe que pode perceber e perceber-se, noutros termos, que tudo
começa quando ele passa a saber que sabe que consegue saber sobre saberes
variados, inclusive o saber de si e saber que sabe de si mesmo: consciência e
autoconsciência – o homem procura respostas as perguntas que passou a formular
quando se espantou com a existência, a do mundo e a sua. Parece ater-se mais em
responder as questões sobre o mundo, pois, sobre si, sabe pouco. Ao menos assim
falou um homem, que quis/explicou alguma coisa:
Nós, homens do conhecimento,
não nos conhecemos; de nós mesmos somos desconhecidos – e não sem motivo. Nunca
nos procuramos: como poderia acontecer que um dia nos encontrássemos? (Nietzsche,
2009, p. 7)
Em nossos tempos temos
muita coisa explicada! E não só, de uns séculos pra cá temos muitas coisas cientificamente explicadas! O
que, de quando a expressão ganhou forma aos nossos dias parece ser uma coisa
bem mais importante que qualquer outra explicação. Não sei, contudo, se calou o
anseio do homem em procurar as coisas fora de si. Parece que não! pois, não
basta-nos a terra, vamos a Marte, Vênus... Outras galáxias, encontrar outro
planeta que tenha – vejam só - água, pois da nossa já cuidamos muito bem...
Sobre a (as) nossa (s)
procuras, quando finadas, parecem apontar para uma experiência já relatada, mas
que não basta-nos saber por outros – mais fidedignos que sejam os testemunhos –
precisam ser presenciadas, vivenciadas – não digo experimentadas para não dar
margem aos tubos de ensaio – coisa que só se faz quando o olhar distrai-se de
fora e volta-se pra dentro: “Eis que habitavas dentro de mim e eu te procurava
do lado de fora” (Agostinho, 1984, p. 295).
Kleber Chaves,
3º Filosofia
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Referências
AGOSTINHO.
Confissões. São Paulo: Paulus, 1984
NIETZSCHE,
Friedrich. Genealogia da Moral: uma
polêmica. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.