SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE

Leituras bíblicas:
Provérbios 8,22-31;
Salmo 8;
Romanos 5,1-5;
João 16,12-15.
O Deus que nós cristãos conhecemos é Pai e Filho e Espírito Santo. Nós começamos as nossas orações e as celebrações litúrgicas recordando esse ‘mistério’ que a divina Revelação nos apresenta: o nosso Deus é ‘família’ unida por laços de amor infinito. Quando nos reunimos, o Deus-comunhão quer fazer dos seguidores de seu Filho Amado um só corpo unido pelo Amor que o seu Espírito expande em nós.
Hoje, com a liturgia, celebramos a solenidade da Santíssima Trindade, e ‘professando a verdadeira fé, reconhecemos a glória da Trindade e adoramos a Unidade onipotente’ (Oração). Tudo isso o acolhemos pela fé e o conhecemos pela História da Salvação narrada na Bíblia.
De fato, Deus se deu a conhecer à humanidade pouco a pouco. Na plenitude dos tempos (Gl 4,4), o Pai enviou seu Filho, ‘nascido de uma mulher’, para manifestar o plano de amor que, ‘antes da fundação do mundo’ (Ef 1,4), guardava em seu coração. A vitória de Cristo sobre a morte abre para uma nova esperança e realiza os novos tempos. O Pai ‘encabeçou em Cristo todas as coisas’ (Ef 1,10), e por Ele revelou seu rosto misericordioso. Mas, não tendo os discípulos capacidade para compreender as ‘muitas coisas’ que Ele ensinou, o Pai enviou o “Espírito da Verdade” que - promessa de Jesus – “receberá o que é meu e vo-lo anunciará” (Evangelho). Assim, fomos ‘selados pelo Espírito prometido’ (Ef 1,13) que nos conduz “à plena verdade”.
O Espírito comunica e atualiza o que Jesus fez e ensinou, segundo o projeto do Pai. Ele comunica aos discípulos o sentido profundo da Palavra, dá força para sermos fiéis e darmos testemunho, hoje, da Pessoa de Jesus e de seu projeto de amor sobre a humanidade inteira. Ele liberta do medo e dá coragem para sermos ‘profetas’ do mundo novo, impregnado do seu amor, e para que continuemos acreditando nas promessas do Pai e em sua realização na vida dos que acreditam na presença de seu amor.
O apóstolo Paulo resume - II leitura, carta aos Romanos - os conteúdos dessa nossa fé. Afirma que, pela fé, nós somos declarados justos e, por isso, ‘vivemos em paz com Deus, pela mediação do Senhor nosso Jesus Cristo’. A mesma fé nos sustenta na ‘esperança da glória de Deus’, ‘esperança que não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado’.
Nessas poucas palavras, é apresentado o que pela fé acreditamos. O sentido da vida cristã é iluminado pela vitória de Jesus que projeta sua luz também nas circunstâncias mais difíceis. Nelas, a presença do Espírito ampara os discípulos como prometeu Jesus.
Com o batismo, feito no Nome da Trindade santa, instauramos uma relação de filhos ‘no Filho’, somos “conduzidos’ pelo Espírito da Verdade” para assumirmos os compromissos de testemunhar e anunciar o Evangelho a todos os povos (cf. Mt 28,19). Nisso consiste a verdadeira sabedoria. O que nossos antepassados desejavam (I leitura), agora nos é doado em plenitude pela presença daquele que supera a sabedoria dos sábios.
Confiantes, pedimos ao Senhor que nos ajude a acreditar e a testemunhar ‘tudo o que Ele revelou e nós cremos’, ‘adorando cada uma das pessoas na mesma natureza e majestade’ (Prefácio).
Acreditar no Deus-Trindade comporta estabelecer relações de amor e acolhida, de comunhão e paz com os irmãos. O que Jesus ensinou, Ele ‘o aprendeu’ na intimidade do Pai e do Espírito. Nesse mesmo amor, Ele nos envolve e conduz. Seja esse o nosso pedido e compromisso: que a fé que professamos transforme de maneira coerente o nosso ser e o nosso agir.

Dom Armando