O Catecismo da Igreja Católica escreve (n.
1293): “A unção no simbolismo bíblico e antigo é rica de significados: o óleo é
sinal de abundância e de alegria, ele purifica (unção antes e depois do banho)
e torna ágil (unção dos atletas e dos lutadores), é sinal de cura, pois ameniza
as contusões e as feridas, ele faz irradiar beleza, saúde e força”.
Na liturgia da Igreja, existem
diferentes unções: no batismo e na crisma, na ordenação de presbíteros e
bispos, na dedicação de altares e igrejas e para a enfermidade. Cada uma tem
sentido próprio, e seu uso vem de uma longa história. No mundo bíblico, a vida
da comunidade é marcada por unções. Ungir expressa a força necessária para que
as pessoas cumpram sua missão a favor do povo, é transmissão da força de Deus.
Por isso, reis e sacerdotes eram ungidos. Os profetas também, mas mais de
maneira simbólica.
Jesus foi chamado de Messias, palavra hebraica traduzida para
o grego como Cristo, isto é, Ungido. O povo esperava um ungido que fosse segundo o coração de
Deus, fiel e coerente com a sua missão. Decepcionado com seus líderes religiosos
e políticos, pede que Deus mesmo venha reinar
e ser o Ungido coerente com a missão que lhe cabe. Por isso, quando Jesus
aparece, é reconhecido como o Messias, o
Cristo como afirma o apóstolo Pedro: Tu
és o Messias (Mt 16,16 = Mc 8,29 = Lc 9,20). Em Atos (10,38) se lê: “Jesus
de Nazaré foi ungido por Deus com o Espírito Santo e com poder. Por toda parte
ele andou fazendo o bem e curando a todos”. Também nós, os cristãos, recebemos a unção do Espírito: “É Deus que nos confirma,
a nós e a vós, em nossa adesão a Cristo, como também é Deus que nos ungiu. Foi
ele que imprimiu em nós a sua marca e nos deu como garantia o Espírito
derramado em nossos corações” (2 Cor 1,21-22). Daí, sermos chamados de
cristãos, ungidos, com a mesma missão
que foi de Jesus.
Demoraria muito analisar cada uma
das unções com seu belo e rico significado. Só poucas palavras.
- Na unção pré-batismal, feita no
peito, exprime-se a força que Cristo comunica ao catecúmeno. No caso de adultos,
o Rito próprio (RICA 128) orienta para repetir essa unção no tempo do
catecumenato.
- A unção pós-batismal, feita na
fronte com o óleo do crisma, significa a entrada no povo de Deus, como
sacerdote, profeta e rei;
- Na Confirmação, a unção na fronte,
feita, de costume, pelo bispo (ministro ‘originário’), a unção expressa a marca
que o cristão recebe para ser testemunha de Cristo com sua vida, em todas as
circunstâncias;
- Nas Ordenações, são ungidas as
mãos do presbítero para dizer que ele atuará totalmente entregue ao serviço do
povo de Deus; o bispo é ungido na cabeça, para indicar que a graça o configura a
Cristo – Cabeça da comunidade;
- As doze cruzes das Igrejas e os
Altares, também, são ungidos, para que se tornem espaços em que o Ungido por
excelência manifesta e exerce sua presença eficaz e repleta de amor.
- Enfim, a Unção feita sobre a
fronte e as mãos dos Enfermes manifesta a ternura delicada e amorosa do Senhor
no momento em que a pessoa se encontra numa situação de doença e fraqueza.
Todos os Sacramentos de Unção têm
sua nascente na Missa crismal da quinta-feira santa, em clima pascal, para
indicar que os Sacramentos brotam da Páscoa do Ungido e Senhor.
Dom Armando