SINAIS E SÍMBOLOS. 9. SÍMBOLOS EPISCOPAIS

Quando o bispo preside a celebração, sobretudo nas solenidades, usa paramentos e insígnias cujo sentido foge à maioria também dos que frequentam as igrejas. Por isso, quero dar algumas essenciais explicações a respeito do báculo, da mitra, do anel e do solidéu.
 O báculo. No dia da ordenação, o báculo é entregue com estas palavras: “Recebe o báculo, símbolo do serviço pastoral, e cuida de todo o rebanho, no qual o Espírito Santo te constituiu bispo a fim de apascentares a Igreja de Deus” (Rito de ordenação, n. 54). Lembra o cajado do pastor; recorda a vara com que Moisés abriu o rio Nilo e que bateu na rocha, fazendo sair a água (cf. Ex 17,5-6). No Salmo 23/22,2-4 se diz: “O teu bastão e teu cajado me dão segurança”. O bispo, chamado a ser imagem do ‘bom pastor’ (cf. Jo 10,11), deve reunir os fiéis, com amor e firmeza. O apóstolo Pedro escreve: “Sede pastores do rebanho de Deus, confiado a vós; cuidai dele, não por coação, mas de coração generoso; não por torpe ganância, mas livremente; não como dominadores daqueles que vos foram confiados, mas antes, como modelos do rebanho. Assim, quando aparecer o pastor supremo, recebereis a coroa imperecível da glória” (1Pd 5,2-4). Como uso eclesiástico, sua origem é antiga, na liturgia hispânica desde o século 7º, e em Roma, talvez, no século 9º.
A mitra. Sua origem pode ser encontrada no livro do Êxodo (28,4), elemento das vestes sagradas – ‘sinal de honra e distinção’ (Ex 28,2) – usadas por Aarão, irmão de Moisés e responsável pelo culto divino. Sobre a fronte dele, Deus manda fazer (Ex 28, 36), “uma lâmina de ouro puro e nela gravarás, como se gravam sinetes: ‘Consagrado ao Senhor’”. Sua forma atual parece ter origem persa, sendo adotada, mais tarde, pelos romanos. Na origem, era usada só pelo papa; começando pelos séculos 10-11º o uso foi concedido também aos bispos e abades. Alguém faz referência – pela sua forma dividida em duas partes – aos raios de luz divina que emanavam do rosto de Moisés (cf. Ex 34,29 e 35). Esse sentido pode ser confirmado pelas palavras dos Preliminares do Rito de ordenação episcopal que aponta seu simbolismo como “o esforço na busca da santidade” (Ritual, n. 26).
O anel ‘pastoral’, que o bispo recebe no dia de sua ordenação, é ”insígnia de fidelidade e da união nupcial com a Igreja, sua esposa, deve o bispo usá-lo sempre” (Cerimonial dos bispos, n. 58). No momento da entrega, o bispo ordenante principal, diz ao novo bispo: “Recebe este anel, símbolo da fidelidade; e com fidelidade invencível guarda sem mancha a igreja, esposa de Deus” (Ritual, n. 51). Portanto, significa a aliança entre o bispo e a sua Igreja particular. Como os esposos no dia de seu casamento se empenham numa aliança fiel um com o outro, assim o bispo assume uma aliança fiel com a sua Igreja. Na Eucaristia que preside, o bispo – primeiro responsável pela sua Igreja – celebra a aliança de Jesus com a humanidade e alimenta seus fiéis com o Pão vivo, sinal permanente dessa aliança de amor.
Enfim, uma palavra a respeito do solidéu¸ “barrete de seda ou pano que alguns eclesiásticos usam tapando a cocuruto da cabeça” (Aldazábal). A palavra significa ‘somente a Deus’ e recorda a quem o usa a primazia de Deus em sua vida e seu serviço aos irmãos e irmãs. Seu uso começou pelo século 14, e cobria toda a cabeça. Em época barroca, reduziu-se à forma atual. É usado não só nas celebrações, mas acompanha o uso das vestes talares.

Dom Armando