SOLENIDADE DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO

Leituras:
At 12,1-11
Sl 33
2Tm 4,6-8.17-18
Mt 16,13-19
“Eis os santos que, vivendo neste mundo, plantaram a Igreja, regando-a com seu sangue. Beberam do cálice do Senhor e se tornaram amigos de Deus”.

Neste domingo, em que a Igreja celebra a solenidade de São Pedro e São Paulo, somos convidados a refletir sobre a importância da perseverança na caminhada eclesial, o comprometimento no anúncio do Evangelho e a confiança em Deus, a partir do testemunho dessas duas figuras, que são exemplo de fidelidade a Jesus. Seguindo Pedro e Paulo, somos convidados a professar nossa fé no Cristo, o Filho do Deus vivo.
A Primeira Leitura, que remete ao reinado de Herodes Agripa I, neto de Herodes, o Grande, mostra que o Evangelho entra em confronto com as forças de opressão e de morte, causando perseguição aos cristãos. Assim, Tiago é morto, bebendo do mesmo cálice predito por Jesus (cf. Mc 10,38), e Pedro é preso. Entretanto, Deus não abandona os que se confiam ao seu amor, confirmando, assim, a autenticidade da Palavra anunciada. A presença de Deus é claramente expressa no aparecimento do Anjo do Senhor, que liberta Pedro. Interessante notar que, perante as dificuldades, a comunidade não se fecha ou abandona a fé, mas mantém-se perseverante na oração, em comunhão com todos os seus membros.
A Segunda Leitura é marcada por um autêntico entusiasmo, em que o amor a Cristo, que preencheu toda a vida de Paulo, deve ser difundido e animar a vida de todos os cristãos, para que não desistam do anúncio da Boa Nova, nem se percam por falsas doutrinas. A vida de Paulo, desde seu encontro com o Ressuscitado, tornou-se uma entrega total, um dom de serviço ao anúncio do Evangelho. Chegando ao fim de sua vida, Paulo tem consciência da presença de Deus, que o acompanhou ao longo de toda a sua trajetória e conclui ter combatido o bom combate, restando-lhe entregar-se a Deus, confiando na Sua salvação.
No Evangelho proposto para essa solenidade, Jesus indaga seus discípulos, sobre o que dizem os homens a respeito Dele, e sobre o que os próprios discípulos pensam. A opinião comum a respeito de Jesus está associada a uma continuidade do passado; não conseguem captar a sua condição única de Cristo. A concepção dos discípulos vai muito além da concepção comum. A comunidade, representada por Pedro, reconhece Jesus como o Cristo, o Filho do Deus vivo. É sobre essa confissão de fé da comunidade que é construída a Igreja de Jesus. Entretanto, a fé professada não é mérito de Pedro, mas dom de Deus (cf. vers.17).
Embora já se tenha passado tantos séculos, a pergunta de Jesus continua viva, e podemos perguntar: quem é Jesus para nós? Não basta apenas repetir a resposta de Pedro, ou tecer discursos teológicos. A nossa resposta deve nascer de nossas vidas, de nossos corações, observando-se o lugar que Jesus ocupa em cada um de nós. Só assim perceberemos que a proposta de Jesus é uma proposta que quer gerar um homem novo, capaz de caminhar ao encontro de Deus, e seremos capazes de professar nossa fé, não da boca pra fora, mas a partir do seguimento a Jesus e do comprometimento com o Evangelho.
Seguindo os testemunhos de Pedro e de Paulo, que deram suas vidas a Jesus, através de uma doação diária no seguimento e no anúncio do Evangelho e do derramamento de sangue pela fé em Cristo, aprendamos nós a sermos verdadeiros atletas que correm para anunciar, sem medo, a mensagem de Cristo, e a professar a fé no Filho de Deus, que, na luz do Espírito, conduz-nos ao Pai e nos prepara a glória prometida. Façamos das nossas comunidades, comunidades vivas, perseverantes na oração, em comunhão com tantos cristãos que sofrem e até derramam seu sangue por professarem a fé em Cristo. Enfim, abramos os nossos corações ao dom de Deus, que nos concede a graça de enxergar o Filho de Deus e aceitar a sua proposta. São Pedro e São Paulo, rogai por nós!
Júlio César
2° Teologia