A ALEGRIA EM RECUPERAR QUEM ESTAVA NO CAMINHO DO ERRO
Iniciaremos
nossa reflexão com uma frase de Madre Teresa de Calcutá que, no domingo passado,
foi canonizada. Ela dizia: “As pessoas boas merecem o nosso amor; as pessoas
ruins precisam dele”.
A lógica comum
do nosso comportamento cotidiano é sempre aquela de banir todas as pessoas que
não são boas, do nosso caminho. Afastando delas, pensamos que seremos
protegidos do mal que “essas pessoas” poderiam nos fazer. Obviamente, toda
prudência é necessária para não nos contaminarmos com o comportamento daqueles
que não fazem o bem. Entretanto, não podemos, como via de saída, adotarmos a
exclusão como atitude definitiva para resolvermos tais problemas. Salvação
significa exatamente restauração, recuperação, solução daquilo ou daquele que
está sendo destruído.
Na primeira
leitura de hoje, o relato do livro do Êxodo mostra exatamente um povo que Deus
escolhe, mas que, conforme as necessidades imediatas, corrompe-se, adotando
para si o comportamento de revolta e ingratidão para com Aquele que lhe salvou
e lhe deu a mão quando mais precisava. O povo fez uma substituição do Deus
verdadeiro por um deus falso. O povo de Israel, ao chegar à terra firme, após
toda a ação de Deus-Javé, busca um ídolo para adorar, isto é, busca o dinheiro,
a riqueza, o ouro, simbolizado neste texto como “Bezerro de Ouro”. Depositar a
confiança em coisas materiais se constitui, assim, por via de regra, como a
atitude comum do ser humano. Ao agir dessa maneira, o ser humano adota a
atitude da ingratidão. Quem sabe, não poucas vezes, também nós agimos assim,
seja em relação a Deus, seja em relação aos nossos irmãos e amigos, durante a
nossa vida. Fazendo assim, estamos entrando no caminho incorreto e nos tornando
sempre necessitados de conversão e salvação.
Na segunda
leitura, o apóstolo Paulo, ao escrever para seu amigo Timóteo, faz uma
confissão, uma declaração de como ele era, dos seus pecados, dos seus erros e
ingratidões. Porém, reconhece que Deus derramou sobre ele, profusamente, muitas
graças, e o salvou, o regenerou, e o tirou do caminho errado em que insistia
caminhar. Ele recorda que Jesus veio para salvar os pecadores e, humildemente,
ele se reconhece como o primeiro na lista dos mesmos. Gesto profundo de
humildade e de conversão tem Paulo por todos os erros que havia cometido.
Procurou, depois, reparar os danos causados com a missão de evangelizar os
povos, anunciando com ardor Jesus Cristo, filho de Deus e nosso Salvador.
No evangelho
deste dia, Lucas relata Jesus em meio aos pecadores e publicanos, ao tempo em
que fala da atitude dos fariseus e mestres da Lei, que criticavam Jesus por
estar envolvido com pessoas “perdidas”, de má fama. O evangelho quer salientar
a exclusão que sofria tais pessoas e evidenciar o gesto, profundamente humano,
de Jesus, em acolher essas pessoas. A humanidade de Jesus é tão profunda que
contagia aqueles que estão ao seu redor. O acolhimento que ele fazia devolvia a
essas pessoas a dignidade perdida. Jesus, com suas atitudes e gestos, provocava
uma mudança nessas pessoas, a ponto de elas se converterem e mudarem de vida.
Fazia com que elas retomassem o caminho correto que um dia havia começado a
percorrer. Este evangelho também nos fala da alegria e da festa que acontece no
céu quando um pecador se converte. As parábolas que Jesus reconta são mesmo
para salientar que a conversão é possível e que podemos, também nós, sermos
protagonistas disso, principalmente num mundo onde acontece, cada vez mais, a
tão falada “Globalização da indiferença”, como salientou o Papa Francisco. Rezemos
pois, irmãos e irmãs, pela conversão do mundo e, principalmente, pela nossa
conversão.