Queridos irmãos
e irmãs, a liturgia desse domingo nos convida a refletir sobre nossa postura
diante de Deus e dos irmãos. Ao nos dirigirmos a Deus, em nossas orações,
devemos ser humildes e confiantes, reconhecendo que somos necessitados da
misericórdia divina. De igual modo, o nosso coração deve estar aberto para o
amor que deve ser manifestado a todos, sem distinção.
A prática da
humildade e da confiança é bem expressa na parábola contada por Jesus, que nos apresenta
a oração de dois homens: o fariseu e o cobrador de impostos, que subiram ao
Templo para rezar. O fariseu se destacava por seguir a Lei, que era expressão
da vontade de Deus. Entretanto, mesmo sendo um cumpridor assíduo da Lei, ele
não volta para casa justificado. Por sua vez, o cobrador de impostos, que era
pecador e impuro, volta justificado. O que diferencia a oração desses dois
homens?
Considerando que
“Jesus contou esta parábola para alguns que confiavam na sua própria justiça e
desprezavam os outros”, identificamos ai os erros que não permitiram que o
fariseu voltasse para casa justificado: o desprezo e a autossuficiência. O
fariseu dirigia-se a Deus como que exigindo algo por uma obra realizada,
vangloriando-se de seus atos. Pela oração do fariseu, entendemos que ele se
santifica, não precisa de Deus, deseja apenas a recompensa pelos seus feitos.
Além disso, o orgulho e a autossuficiência culminam no desprezo ao próximo,
tornando-o incapaz de amar a Deus, pois “aquele que diz que ama a Deus e não
ama o seu irmão é um mentiroso”.
Já na oração do
cobrador de impostos, notamos algumas características essenciais: a humildade
(que pode ser reconhecida na atitude de ficar à distância), o reconhecimento de
que Deus é o verdadeiro Justo (identificado no ato de não levantar os olhos
para o céu, pois sabe que só os justos verão a Deus), reconhece a si como
pecador e clama a Deus, atitude de quem quer ser ajudado e que confia na
misericórdia divina. Esses atos fizeram com que sua súplica subisse aos céus e
a justificação divina lhe fosse concedida. Aqui, a justificação não é
recompensa de uma obra humana, mas dom de Deus.
Na mesma linha do
Evangelho encontra-se a Primeira Leitura, ao dizer que “a prece dos humildes
atravessa as nuvens”, mostrando Deus como o Justo Juiz, que escuta a súplica
dos oprimidos e jamais despreza o órfão e a viúva. Na Segunda Leitura, São
Paulo, após ter “combatido o bom combate”, nos deixa transparecer uma atitude
de humildade, pois sabe que se combateu o bom combate, foi porque Deus esteve
ao seu lado e lhe deu forças; se espera a coroa da glória, sabe que ela é dom
do Justo Juiz, destinada não somente a ele, mas a todos que esperam em Deus.
Que podemos
trazer de concreto dessas leituras para nossas vidas hoje? Bem... Tantas
coisas... Podemos começar por uma verdadeira oração: não nos colocarmos diante
de Deus como pessoas que exigem recompensas, mas como humildes que necessitam
da misericórdia divina; podemos evitar a difamação do próximo (como fez o
fariseu) e acolher os nossos irmãos, mesmo que sejam diferentes e não pensem
como nós pensamos; podemos ainda perceber que o cumprimento de nossas
“obrigações” religiosas não nos torna melhor que os outros, nem obrigam Deus a
se curvar diante de nossas exigências... E você, o que pensa que podemos trazer
de concreto dessas leituras para as nossas vidas?
Júlio César
2º Teologia