8º DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras:
Is 49,14-15
Sl 61
1Cor 4,1-5
Mt 6,24-34

A liturgia deste 8º domingo do tempo comum chama a nossa atenção para algo que se faz muito atual: em quem colocar a confiança? Reacendendo em nós o desafio da confiança, num período em que a crise, a desonestidade, a falta de transparência, a indiferença com os mais necessitados parecem superar as nossas forças. O lamento apresentado pelo profeta Isaias: 'O Senhor abandonou-me, o Senhor esqueceu-se de mim!' parece fazer sentido ao olharmos tantas realidades, no entanto, devemos saber que Deus nunca abandona seu povo, como a própria leitura nos recorda, mesmo que uma mãe se esqueça do filho que gerou, o Senhor, porém, não se esquecerá. Assim agiu Deus ao longo da história do povo de Israel, apesar das idolatrias e da infidelidade, o Senhor sempre mostra sua face salvadora, todos os caminhos ruins tornam-se uma maneira de mostrar sua misericórdia, libertando-os das práticas e pensamentos que geram a escravidão.
Da mesma maneira, encontramos como mensagem central do evangelho de hoje o apelo de Jesus contra a idolatria: “Ninguém pode servir a dois senhores: pois, ou odiará um e amará o outro, ou será fiel a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro.”. O dinheiro, que tão facilmente se transforma em um ídolo absoluto, é para Jesus o maior inimigo de um mundo mais justo, digno e solidário. Há mais de dois mil anos Jesus nos alerta para o culto ao dinheiro, que é o maior obstáculo para que a humanidade possa progredir em uma convivência verdadeiramente mais humana, capaz de se aproximar de Deus através do amor ao próximo.  Vale lembrar que, no capítulo anterior do evangelho que ouvimos hoje, no sermão da montanha, o discípulo de Jesus é convidado a uma vida de renúncia, a um seguimento desprendido e despretensioso, exige-se fidelidade da parte do cristão, como servos de cristo e administradores dos mistérios de Deus, que se dá numa vida justa, colocada a serviço dos irmãos.
Já no final do Evangelho, Jesus nos faz um outro convite, de buscar em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça. Os líderes religiosos do tempo de Jesus entendiam o Reino de Deus como submissão à Lei e o seu cumprimento, no culto se celebrava o reinado de Deus sobre toda a criação. No entanto, Jesus vai mais além. Faz desse tema o centro de sua pregação, mostrando que o reinado de Deus, que se realiza plenamente com a sua presença no meio dos homens, se dá como resposta a uma iniciativa do próprio Deus. Este reinado é uma realidade dos discípulos que se mantêm fiéis, que buscam o cumprimento desta realidade dentro do tempo presente, como caminho para se chegar ao reino futuro. Não podemos separar a expressão Reino de Deus e Povo de Deus, pois a primeira diz respeito a um povo concreto. Se o Reino de Deus quis e quer se fazer presente na história, é necessário que nós, os seguidores de Jesus Cristo, o acolhamos, fazendo conhecer seu poder transformador, que se expressa na mensagem de misericórdia, de solidariedade diante da dor e na experiência com Deus que é Pai amoroso e perdão gratuito. Quem verdadeiramente crê nesse amor e vive sustentado por ele não deve se angustiar nem se deixar dominar pelas preocupações da vida. A preocupação máxima deve ser: buscar o reino e sua justiça, ou seja, fazer na história a vontade do Pai celeste, recorrendo sempre à sua providência. 
Max Sabrino
2º Teologia