9. GESTOS E PALAVRAS NA LITURGIA

EXPLICANDO ALGUMAs PALAVRAS (III) 
Continuamos nossa reflexão a respeito de algumas palavras que retornam em nossas celebrações litúrgicas.
a) Começamos com a palavra anamnese, palavra de origem grega, que significa fazer memória, recordação. Na celebração da Eucaristia, refere-se às palavras da Oração Eucarística em que se recorda o que Jesus fez na última Ceia. A Instrução Geral do Missal Romano (n. 79e) escreve: “A anamnese, pela qual, cumprindo a ordem recebida do Cristo Senhor através dos Apóstolos, a Igreja faz memória do próprio Cristo, relembrando principalmente a sua bem-aventurada paixão, a gloriosa ressurreição e ascensão ao céu”. Jesus mesmo, finalizando a Ceia, tinha dito aos seus mais íntimos: “Fazei isto em memória de mim”.
Esse gesto do fazer memória vem da longa Tradição hebraica. Fazer memória (hebraico zikkaron) é ‘tornar presente’ para os que hoje celebram a força salvadora do acontecimento recordado. Por isso, a anamnese torna presente para os que participam da celebração, o Mistério pascal do Senhor. Na Oração Eucarística I – o Cânon romano – se diz: “celebrando a memória da paixão de vosso Filho, da sua ressurreição dentre os mortos e gloriosa ascensão aos céus, nós, vossos servos e também vosso povo santo, vos oferecemos, ó Pai”. Várias Orações Eucarísticas, logo depois do memorial, invocam a o Espírito Santo, para que, pela sua ação, os que vão comungar sejam “repletos do Espírito Santo” e se tornem “um só corpo e um só espírito” (OE III); sejam “repletos de todas as graças e bênção do céu” (OE I). O Catecismo da Igreja Católica (n. 1103) escreve: “O Espírito Santo que desperta assim a memória da Igreja, suscita então, a ação de graças e o louvor (doxologia)”.
b) Uma palavra que, de costume, cantamos, tantas vezes, em nossas celebrações, é Aleluia (no hebraico halelou Yah). Significa Louvai a Javé, Louvai a Deus. A expressão é muito usada na liturgia hebraica, portanto, Jesus a cantou, junto com o seu povo. É como o resumo da oração de louvor que os fiéis elevam a Deus. Os salmos a repetem, e retorna em numerosos livros do Antigo e Novo Testamento, sobretudo no Apocalipse. Nesse último livro, ao capítulo 19, 1, a grande multidão aclama no céu: “Aleluia. A salvação, a glória e o poder pertencem ao nosso Deus”. Manifesta-se, com vigor e entusiasmo, a alegria dos que agradecem pela salvação que o Senhor Jesus realizou. Na liturgia, o Aleluia é canto de aclamação ao Evangelho, exceto no tempo da Quaresma.
Na Introdução ao Lecionário (n. 23) se afirma que com o Aleluia “a assembleia dos fiéis recebe e saúda o Senhor que vai falar, e professa a sua fé cantando”. Essa aclamação nunca deve ser omitida ou substituída por outros cantos, mas cantada, “estando todos de pé, de modo que o povo cante unanimemente, e não somente o cantor que inicia, ou o coro”.
Dom Armando