o CÍRIO PASCAL
Um
símbolo muito importante em nossas celebrações litúrgicas é o Círio pascal. Círio vem do latim cereus, isto é, lembra a cera produzida
pelas abelhas. Seu rico simbolismo se manifesta na noite da Vigília pascal.
O
sábado santo é dia de silêncio diante do túmulo do Senhor. Na noite da solene
Vigília, a Comunidade se reúne fora da igreja, como diante do túmulo de Jesus,
fora de Jerusalém. A cera natural do Círio é imagem da carne virginal de Cristo
morto que repousa no sepulcro. Depois de ter abençoado o fogo, quem preside a
celebração acende o Círio e coloca cinco cravos no centro e nas extremidades de
uma cruz desenhada no mesmo Círio, recordando os aromas que as mulheres levaram
para ungir as chagas de Jesus.
Na
cruz do Círio, encontram-se a data do ano e as letras alfa e ômega (primeira e
última letra do alfabeto grego), para indicar que a Páscoa de Jesus é ‘o
princípio e o fim do tempo e da eternidade’. A força do Ressuscitado nos
sustenta na caminhada e se renova a todo ano; de fato, com sua luz, Ele acompanha
a história da Igreja e do mundo. Eu sou a
luz do mundo. Quem me segue não caminha nas trevas, mas terá a luz da vida,
disse Jesus (Jo 8,12).
Com
o Círio aceso, levado pelo diácono (ou por quem preside a celebração), os fiéis
entram na igreja escura, enquanto ecoa, por três vezes, o canto: “Eis a luz de
Cristo”! Todos respondem: “Demos graças a Deus”. As velas e as luzes se acendem
e, aos poucos, a igreja toda fica iluminada. É a luz de Cristo ressuscitado que
vai iluminando a vida dos fiéis para torná-los luz do mundo, como Jesus pediu (cf. Mt 5,13-16).
O
Círio é colocado junto do ambão da Palavra e se canta o solene ‘Precônio
pascal’, um antigo e bonito hino ao Senhor vencedor da morte: “Na graça desta
noite o vosso povo acende um sacrifício de louvor; acolhei, ó Pai santo, o fogo
novo... Cera virgem de abelha generosa ao Cristo ressurgindo trouxe a luz: eis
de novo a coluna luminosa, que o vosso povo para o céu conduz”.
Toda
a celebração - com as nove leituras, que contam o acontecer da ‘história da Criação
e da Redenção’, isto é, do amor de Deus para com a humanidade - acontece iluminada
pela luz do Senhor que dá sentido aos acontecimentos, às vezes opacos e incompreensíveis,
da vida. Os fiéis, com suas velas acesas, são como a Esposa que sai ao encontro
do Esposo, feliz pela vitória que o Esposo alcançou, como proclama o evangelho.
O
Círio permanecerá aceso, ao lado do ambão, pelas sete semanas do Tempo Pascal,
até o Pentecostes. Também se acende na celebração do Batismo e da Crisma: à sua
chama, pais / padrinhos e crismandos acendem a vela para manifestar sua fé.
Ainda, o Círio se acende junto ao féretro, nas exéquias cristãs, para indicar
que a morte do cristão é a sua própria Páscoa. O cristão participa da vida de
Cristo cuja luz sempre o ilumina ao longo do caminho: Quem crê em mim, ainda que tenha morrido, viverá. E todo aquele que
vive e crê em mim, não morrerá jamais (Jo 11,25-26).
Que
a luz do Ressuscitado nos acompanhe e nos torne suas luminosas testemunhas.
Dom Armando