LEITURAS:
Ez
37,12-14
SALMO
129 (130)
Rm
8,8-11
Jo
11,1-45
Queridos irmãos e irmãs. Na caminhada em preparação para a
Páscoa chegamos no 5º. Domingo da quaresma. Estas cinco semanas preparatórias
apresentam uma rica liturgia. As leituras bíblicas de todos estes domingos nos
conduzem sempre ao sacramento do batismo, a um apelo de
conversão profunda, e nos indicam Jesus como Aquele que sacia todas as necessidades. No 1º. Domingo Ele sacia nossa
necessidade de Deus; no 2º. Domingo sacia nossa necessidade de renovação
interior, nos transfigurando; no 3º. Domingo sacia nossa sede de água viva; no
4º. Domingo sacia nossas trevas, dando-nos a Luz e neste último
domingo Ele vem saciar nosso desejo de vida: “Eu sou a ressurreição e a vida”.
O belíssimo episódio da ressurreição de
Lázaro diz respeito a todo cristão. A dinâmica da quaresma, da liturgia
batismal e de todo o itinerário da vida cristã quer conduzir cada pessoa a escutar a voz do
Senhor que nos tira dos túmulos que nos colocamos ou fomos colocados. Jesus não diz que Lázaro está morto, mas que apenas “dorme, mas eu
vou acordá-lo”. Esta palavra do Cristo dá pleno sentido às palavras da
profecia de Ezequiel que ouvimos na 1ª. Leitura: “e quando eu abrir as vossas
sepulturas e vos fizer sair delas, sabereis que eu sou o Senhor”, assim Jesus
também exprimirá na oração que fará antes de chamar Lázaro à vida. Deus vê a
humanidade que tanto ama doente. Ele em sua infinita misericórdia contempla a sua criação marcada pela doença do pecado, ferida pelas
doenças da ganância e do egoísmo maligno de alguns que destorem o planeta em busca de um progresso também doentio, e consequentemente aquele que o Senhor tanto ama: o ser humano.
Junto à imagem de
Lázaro aparecem suas duas irmãs, Marta e Maria. No momento de tristeza e de tamanha dor que a morte produz, apesar de estarem
rodeadas de tantos judeus que tinham ido consolá-las, é a Jesus que elas
recorrem. “Marta soube que Jesus tinha chegado, foi ao encontro dele”. Nas
dores da vida, nos desafios e sinais que a morte física ou espiritual causa em nós, devemos recorrer a
Jesus. Devemos ter, apesar de tantas vezes estarmos tão imersos na dor a ponto
de não percebê-Lo entre nós, devemos procurá-Lo, pois Ele – Jesus, sempre vem ao nosso encontro.
Encontrar-nos com Jesus e deixar-nos ser encontrado por Ele é o melhor caminho
e remédio para a cura, o conforto e a fortaleza que tanto desejamos na hora de
angústia que por vezes nos cercam. “Levantou-se depressa
e foi ao encontro de Jesus”, esta deve ser a atitude de cada um de nós. Não nos
entregarmos, não nos darmos por vencidos, não nos sentirmos derrotados, mas continuar lutando, primeiramente pelo
bem das almas e depois pelo bem do planeta. Mas, para que isso aconteça
precisamos depressa sair ao encontro de
Jesus.
Por fim, Jesus chega ao túmulo. Diante do
túmulo do amigo, Jesus chorou. Este versículo 35 deve ser considerado com muita
atenção. Talvez o versículo mais importante de todo o texto do evangelho de
hoje. As lágrimas de Deus. Comovido interiormente Jesus não só enxuga as nossas
lágrimas, como derrama as suas próprias por cada pessoa. Jesus continua
chorando pelas crianças brutalmente assassinadas, até mesmo pelo amparo da lei;
continua chorando pelas famílias destruídas, pelos jovens roubados para as drogas e prostituições; pela corrupção que dilacera a nação, pela poluição e destruição dos biomas. Enfim, Jesus chora por mim e por ti, que cansado demais não aceitamos o convite para
com Ele nos encontrar na Liturgia, na Palavra e nos irmãos e irmãs. Quantas situações de morte ao nosso redor que fazem
Jesus chorar... cada um podemos buscá-las dentro de nós.
Mas, as lágrimas de Cristo não são em vão, não são
sentimentalismos estéreis, mas antes cheias de vida, assim como aquelas gotas
de sangue no Monte das Oliveiras. “Tirai a pedra!” são as palavras pronunciadas por
Jesus depois de suas lágrimas. Ele não se deu por vencido, apesar da
intervenção “está morto há quatro dias”, como que dizendo não há mais nada o
que fazer. Não! Deus não perde a esperança na humanidade, Ele a cada dia vem
ao nosso encontro, e nos oferece a vida e nos dá sua presença com o seu profundo e
vivificante convite: “Vem para fora!”. Ele não nos quer presos por uma pedra
nos túmulos que cavamos. Ele nos quer vivo! Este é o amor de Deus por nós: Caminha conosco! Visita seu povo! Amor de Deus por nós! É um amor tão
grande e profundo que neste 5º. Domingo da quaresma já sentimos a Páscoa
antecipada em uma semana. Por isso meus irmãos e irmãs não importa a quantos dias
estamos mortos, (longe de Deus e de sua Igreja), Ele nos dirige sua palavra
cheia de vida. Com generosidade saibamos com fé abrir ouvidos e
coração para sermos ressuscitados com Ele e cheios do Espírito de Deus que mora
em nós, pertencentes a Cristo, mesmo ferido de morte por causa do pecado
dizermos sempre: “no Senhor,se encontra toda graça e redenção”.
Vigário Aranha.