DOMINGO DO BATISMO DE JESUS


LEITURAS:
Is 42, 1-4.6-7;
Sl 28 (29);
At 10,34-38;
Lc 3,15-16.21-22.
No início de sua missão pública (Evangelho), Jesus faz uma clara escolha de sua vida de ‘missionário do Pai’, pondo-se ‘em fila com os pecadores’. Ele, o Filho amado, não quer privilégios, não chama a atenção sobre si, mas ama estar com todos, ou, melhor, com os que se reconhecem pecadores.
Jesus entra no intenso movimento dos que acolhem o convite à conversão e à penitência proposto por João Batista que pretende preparar a chegada do Messias e, com clareza, declara que o Messias virá: “Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo”. O Espírito Santo desce sobre Jesus enquanto rezava, isto é, enquanto vive em íntima relação com o Pai que lhe diz: Tu és meu Filho amado, em ti ponho o meu bem-querer.
O apóstolo Pedro (II leitura), anos depois, recorda como aconteceu na vida e missão de Jesus: Ele andou por toda a parte, fazendo o bem e curando a todos. Tudo ficou marcado por sua escolha de fidelidade ao projeto divino e recebeu a confirmação naquele dia em que ‘ficou na fila dos pecadores’, apesar de não precisar. Mas, o Pai manifestou seu apoio à escolha de Jesus, e manifestou o seu ‘bem-querer’ para com o que o Filho fez e o enviou em missão ungido pelo Espírito Santo e com poder!
Com essas observações essenciais, podemos dizer que o Batismo de Jesus ao Jordão é mais parecido com o nosso Sacramento da Crisma, que confirma o dom do Batismo e dá a plenitude do Espírito ao batizado para que viva sua missão indo por toda parte, fazendo o bem. A verdadeira espiritualidade consiste em seguir a Jesus, com a mesma bondade e sabedoria, em espírito de solidariedade e transparência, alimentando-se às fontes da oração e da fidelidade à vontade do Pai. Isso, a partir de uma pessoal experiência de Deus que queima, no íntimo, todo pecado e tudo o que não se dá bem com o projeto de Deus revelado em Jesus. Então, os céus ‘se rasgam’, abrem-se novos horizontes de vida, retorna a almejada intercomunicação entre o céu e a terra, tão desejada pelos profetas (cf. Is 63,19).
Em Jesus, torna-se realidade o ‘estilo de vida’ proposto pelo profeta Isaías (I leitura): Não clama, não levanta voz, não quebra uma cana rachada... não se deixa abater; mas, torna-se luz para as nações, para abrir os olhos dos cegos, tirar os cativos da prisão.  Com Jesus, começa a nova humanidade sonhada pelos profetas. Seus seguidores bem o compreendem, como testemunha Pedro: Deus enviou sua palavra aos israelitas e lhes anunciou o Boa-Nova da paz, por meio de Jesus Cristo, que é o Senhor de todos.
Agora é conosco, meu irmão e minha irmã! Acolher Jesus – receber o Batismo – Crisma – comporta assumir o mesmo ‘estilo de vida’ de Jesus. Não basta um rápido Batismo - Crisma, cobrado e recebido; este deve ser sinal vivo (= sacramento) de vida nova repleta de fé e amor, coerente com as propostas de Jesus. Uma fé só proclamada (‘de boca’) não salva se não for acompanhada por uma atitude confiante de abandono no coração do Pai e de amor, coerente e solidário com os irmãos!
Perguntemo-nos: como estamos vivendo nosso ser discípulos de Jesus? Como assumimos a missão que Ele deixou?  
D. Armando Bucciol