Gn 15,5-12.17-18
Sl 26
Fl 3,17–4,1
Lc 9,28b-36
O caminho quaresmal, neste segundo domingo, aponta para a esperança da realização da promessa de Deus. Aguardar a realização de uma promessa gera sempre uma ansiedade ou insegurança que facilmente podem nos conduzir ao desânimo e ao pessimismo frente a realidade. As leituras deste domingo nos recordam a fidelidade de Deus que sempre nos oferece sinais que apontam para sua fidelidade à aliança.
A primeira leitura relata a experiência de Abrão. O Senhor faz com Abrão uma aliança prometendo-lhe uma numerosa descendência e uma porção de terra onde habitarão seus filhos. Abrão confia em Deus. Ele será o primeiro a caminhar na esperança da realização das promessas de Deus. Ele caminha confiante, abandona-se nas mãos de Deus na certeza da realização do que o Senhor lhe prometeu, mesmo sem vislumbrar essa realidade de imediato.
O Evangelho nos traz o relato da transfiguração do Senhor. Este texto sempre aparece nos evangelhos após o anúncio da paixão quando Jesus antecipa aos discípulos que haveria de sofrer e ser condenado em Jerusalém. O anúncio da paixão foi um momento que trouxe dúvidas aos discípulos e abalou a sua fé. A ideia que tinham de um messias poderoso que viria para reestabelecer o domínio de Israel não era compatível com a figura de um servo sofredor, tal como narrado por Jesus.
A cena da transfiguração se torna, desse modo, um evento que vem para resgatar a esperança dos discípulos, fazendo-os contemplar antecipadamente a glória de Cristo. Ou seja, ao verem Jesus transfigurado os discípulos são convidados a acolher e confirmar a identidade divina Cristo, que poderia ser abalada pela a realidade da paixão e da cruz. Assim, a transfiguração é um sinal que os discípulos vislumbram para ajudá-los a compreender que Deus age na história apesar dos sinais de morte que vêm roubar a esperança.
A carta aos Filipenses também expressa esse convite à esperança. Paulo propõe à comunidade permanecer firme na fé, apesar dos muitos inimigos da cruz de Cristo. Esses adversários não devem fazer-nos desistir do caminho do evangelho. A existência deles não significa que Deus abandonou seu povo. Ao contrário, é esperando na fé, com perseverança, que experimentaremos um dia a vitória final.
Todas as leituras, portanto, propõem refletir essa realidade: lidamos com situações difíceis, eventos negativos no mundo e na história, porém isso não é motivo para perdermos a esperança, pois Deus há de cumprir a sua promessa. Como Ele é foi fiel e não abandonou o seu povo, continuará a manifestar o seu amor e fidelidade na história da humanidade.
O tempo quaresmal nos propõe renovar a nossa esperança em Deus. O Reino, por Cristo anunciado, se realizará. Os descaminhos da nossa história não devem levar-nos ao pessimismo ou ao desânimo. Ao contrário, precisamos continuar a trilhar firmes no caminho de Deus, que não cessa de nos dar sinais do seu amor e da sua fidelidade que se cumprirão definitivamente no fim dos tempos.
Pe. Jandir Silva