3º DOMINGO DA QUARESMA – ANO C


LEITURAS:
Ex 3, 1-8ª.13-15
Sl 102
1Cor 10, 1-6.10-12
 Lc 13, 1-9
“O Senhor é bondoso e compassivo”
A liturgia deste terceiro domingo da quaresma nos convida à conversão no seu tríplice sentido como ato livre, ato comprometedor e ato que custa. Assim, podemos trazer para a nossa vida o significado que esses atos nos trazem, visto que a conversão é um ato livre que o homem manifesta diante de Deus como aceitação e cumprimento das suas promessas; assim sendo, eis que surge a necessidade de um comprometer-se com as exigências para seguir o mestre, pois a conversão jamais poderá ser algo externo e temporário, muito pelo contrário, é a passagem da fé herdada para uma fé conquistada e professada, e assim, se concretiza com o ato que custa a cada um que decide seguir esse caminho que é longo e difícil.
Na primeira leitura nos é apresentada a missão que Moisés recebeu de Deus, neste texto está presente a história da salvação que apresenta o cumprimento da promessa feita a Abraão, em continuidade à liturgia do domingo passado, mostrando assim, o rosto misericordioso de Deus que escuta o clamor do seu povo e vai em socorro destes, pois, a iniciativa é sempre de Deus que se faz presente na vida humana e se compraz das dores e sofrimentos que atormenta o coração humano. Moisés recebeu de Deus não apenas o chamado, mas também a identidade e confirmação de que o nosso Deus não é um deus estranho, mas aquele que nos acompanha desde a eternidade, pois quando sabemos a quem seguimos não importa a distância a ser percorrida, mas a certeza de que o sofrimento será superado pela alegria de trazer no coração o nome de Deus “Eu Sou aquele que sou”.
No evangelho, ao mesmo tempo em que Jesus fala de misericórdia, também fala do arrependimento. Narra um fato histórico de difícil compreensão (o que aconteceu com os galileus e a torre de Siloé?), diante disso Jesus apresenta um ensinamento, e sua fala recorre a própria época, ou seja, o tema do “arrependimento”. Em seguida, Jesus conta a parábola da figueira estéril (eis que a figueira é símbolo de Israel, Natanael estava debaixo da figueira quando Jesus o encontra, e este, representa Israel) para mostrar a misericórdia e a paciência de Deus mediante as atitudes humanas, e assim, nos mostra qual atitude devemos ter para com aqueles que fazem parte da comunidade cristã. De tal modo como a planta precisa de cuidados e proteção para produzir, também necessita de cuidados o ser humano, pois a fé é uma semente que deve ser cuidada diariamente e cada árvore dará o fruto no seu tempo, tempo de conversão, tempo de arrependimento, tempo de escuta e seguimento do chamado de Deus, e assim, produzir frutos que sejam capazes de saciar o coração sedento do amor de Deus evitando uma vida estéril e vazia de sentido.
Na segunda leitura, ouvimos do apóstolo Paulo que não basta apenas estar de pé, faz-se necessário o cuidado para não cair. Assim, não basta apenas dizer que é cristão se não professar a fé na vida, não basta ser batizado, é necessário entrar debaixo da nuvem, atravessar o mar e beber do rochedo espiritual que é o próprio Cristo, a verdadeira fonte da vida.
Eis o tempo favorável para cultivarmos no terreno do nosso coração a figueira que produz frutos bons, e que o tempo no qual estamos vivendo nos seja também propício a uma verdadeira conversão de vida e de abraçar as causas que nos coloca no caminho da penitência, do jejum e da oração, e assim alimentados, possamos irradiar nos corações dos nossos irmãos o amor misericordioso e paciente de Deus.
Élcio Bonfim Neves
3º Teologia