LEITURAS:
Js 5,9a.10-12
Salmo 33
2Cor 5,17-21
Lc 15,1-3.11-32
“Alegra-te, Jerusalém! Reuni-vos, vós todos que a amais; vós que estais tristes, exultai de alegria! Saciai-vos com a abundância de suas consolações (Is 66,10s)”. Com a antífona de entrada somos introduzidos na espiritualidade do 4º Domingo da Quaresma, conhecido também como Domingo Laetare, ou seja: Domingo da Alegria. O motivo dessa alegria é explicitado na Oração Coleta, que diz: “Ó Deus, que por vosso Filho realizais de modo admirável a reconciliação do gênero humano, concedei ao povo cristão correr ao encontro das festas que se aproximam cheio de fervor e exultando de fé”.
O Evangelho que nos é ofertado pela liturgia é um uma joia
literária; penso que podemos dizer que é a parábola bíblica mais conhecida.
Durante muito tempo essa parábola foi denominada erroneamente como “a parábola
do filho pródigo”, evidenciando a atitude do filho que esbanja os bens do pai.
Atualmente, percebe-se que o tema central não é nenhum dos filhos, nem o que
esbanja os bens, nem aquele que, mergulhado nos ciúmes, não se alegra com a
volta do irmão. O tema central é, pois, a prodigalidade do pai, que é abundante
no perdão e generoso na misericórdia, acolhendo a ambos os filhos, independente
do motivo pelo qual se afastaram.
Essa bela parábola está contida num conjunto de três parábolas,
sendo precedida pelo relato da ovelha perdida e, depois, da dracma perdida.
Ambas são encerradas com festa e alegria, pois o que estava perdido foi
encontrado. A alegria é tão grande que não pode ser contida por uma única
pessoa, assim, tanto o pastor como a mulher reúnem seus amigos e festejam. Se
há tão grande alegria por uma entre cem ovelhas e por uma moeda entre dez, como
não será a alegria de um pai que recupera o filho com vida? É isso que Jesus
quer mostrar; o modo de Deus agir não é semelhante ao nosso. Deus é eterno em
amor e misericórdia e acolhe a todos sem distinção. Jesus nos quer fazer
enxergar que, melhor que murmurar, como os fariseus, que O criticavam por acolher
e fazer refeições com os pecadores, é enxergar com os olhos de Deus, e alegrar
com a proximidade desses irmãos que estavam dispersos.
Na Segunda Leitura somos exortados: “Em nome de Cristo, nós
vos suplicamos: deixai-vos reconciliar com Deus”. Neste tempo de Quaresma somos
constantemente chamados à conversão. Cumpre lembrar que, a conversão só é
possível porque Deus, em primeiro, volta-se para nós. A partir da iniciativa divina
é que somos chamados à conversão e à reconciliação. Se somos novas criaturas, é
em Cristo que o somos, pois é Ele quem renova todas as coisas. Assim, o nosso
processo de reconciliação e conversão está sempre ligado Àquele no qual Deus
realizou a reconciliação do gênero humano e no qual fomos enxertados pelas
águas do Batismo.
A primeira
Leitura recorda o fim do êxodo, a entrada do povo de Israel na terra prometida.
Tendo concluído a dura caminhada, o povo entra na nova terra e se alimenta não
mais do maná, que cai do céu, mas dos frutos abundantes da terra prometida.
Isso indica um novo ciclo; é a celebração de quando o Senhor tirou o opróbrio do
seu povo. Os sofrimentos e privações vividos no caminho do deserto não são um
fim, mas um meio para se chegar à promessa. De igual forma, a penitência
quaresmal não é um fim, mas um meio para que, purificados, possamos celebrar as
alegrias pascais.
Celebrar a
Santa Missa ou o culto dominical é fazer memória da história da salvação que
tem em Cristo Jesus a sua culminância. Em Cristo, o Pai Misericordioso
transborda abundantemente em bondade e amor. Cristo nos comunica a face desse
Deus, que não quer perder nenhum de seus filhos; que não quer a morte do
pecador, mas que ele viva. Cristo nos mostra que Deus está sempre de braços
abertos, pronto para acolher sem julgar. Irmãos, voltemos para Deus! Eis o
tempo favorável; o Senhor nos chama e acolhe, pois Ele é um Pai de Amor e
Misericórdia. Por tanto, alegremo-nos no Senhor!
Sem.
Júlio César