Isaías
62, 11-12
Salmos
96, 1 & 6. 11-12
Tito
3, 4-7
Lucas
2, 15-20
1. “Os pastores foram às pressas a Belém e
encontraram Maria e José, e o recém-nascido deitado na manjedoura... E todos os
que ouviram os pastores ficaram maravilhados” (Evangelho). Com estas simples
palavras, o evangelista Lucas descreve o encontro de humildes e desprezados pastores
com a família de Nazaré. A eles o anjo tinha dito: “Hoje ... nasceu para vós o
Salvador que é o Cristo Senhor!”. Reconhecer neste menino o Messias de Deus e o Salvador é possível
só pela fé. Ele não é uma criança qualquer; sua identidade, ainda, fica
escondida numa total simplicidade. Para compreender quem é este Cristo vai precisar uma longa caminhada
pelas estradas empoeiradas da Palestina até o Calvário.
O sentido
verdadeiro do Natal se compreende somente com olhos transparentes e mente pura.
Entra no mistério do estilo de Deus só quem ‘se tornar como criança’, diz Jesus.
“Entrar no Reino” significa dar sentido à vida tendo compromisso com uma humanidade
humilde e simples, justa e fraterna. Exige-se considerar os outros não como inimigos
ou concorrentes, mas quais irmãs e irmãos, estreitando com eles laços de humanidade
e de solidariedade.
Hoje se torna
difícil entender o sentido do Natal. É muita poluição que nos envolve;
propagandas e redes sociais propõem mensagens e estilos de vida apontando outros
‘salvadores’, mais eficientes e imediatos, mais poderosos e chamativos. O
menino Jesus não compete com eles, mas Ele sabe que esses poderosos têm pés de
barro e não têm capacidade de dar salvação.
2. O apóstolo
Paulo escreve ao discípulo Tito (II leitura): “Caríssimo, manifestou-se a
bondade de Deus nosso Salvador, e o seu amor pelos homens: Ele salvou-nos...
por sua misericórdia”. Acolher Jesus e sua presença, deixar que a divina misericórdia
nos envolva e transforme é a maneira mais bela de celebrar e viver o Natal.
Trata-se de ‘fazer silêncio’ e escutar a Voz; ‘fazer espaço’ em nosso interior,
para acolher o Hóspede; ‘prestar atenção’ para entrar em sintonia com Aquele
que bate à porta de nossa vida, pode ser de maneira disfarçada e inesperada.
Nós cristãos
devemos reafirmar que o Natal é Jesus, o Filho de Deus, que se faz humano! Nada
mais e nada menos! Muitas mensagens que recebo, também de irmãos na fé, fazem
circular a ideia de um Natal sem Jesus. Sim, sentimentos bonitos, desejos de
intensa e íntima alegria, votos das ‘coisas’ melhores. Mas, para isso, não
precisa incomodar Jesus.
Natal é o mais
sublime Dom que Deus fez e faz à humanidade. Sua Palavra eterna e definitiva
‘veio morar entre nós” (João 1,14), e quem a acolhe se torna ‘filho de Deus’. O
que os humanos almejavam e nem podíamos imaginar, agora, torna-se realidade
pela iniciativa amorosa do nosso Deus e Senhor.
Desejo que ao
menos alguns dos que pretendem seguir Jesus possam, neste novo Natal, ser
tocados e compreendam esta mensagem e “manifestem em ações o que brilha pela fé
em suas mentes” (Oração do dia de Natal). Torne o Natal a ser de Jesus, festa
de uma vinda que aconteceu enquanto esperamos sua ‘vinda gloriosa’: a esta
devemos olhar, na espera e na esperança. A ‘recordação’ da liturgia visa manter
viva a esperança de vida em plenitude.
Neste dia
santo, convido para que olhem para a Mãe de Jesus. O santo bispo de Alexandria,
Cirilo, no Concílio de Éfeso (431) em que Maria foi proclamada "Mãe de
Deus” pronunciou a mais bela pregação da antiguidade sobre Maria: “Salve, ó
Maria, Mãe de Deus, tesouro venerando do mundo inteiro, lucerna que nunca vai
se apagar, fúlgida coroa da virgindade, templo indestrutível, mãe e virgem ao
mesmo tempo; de Ti, de fato, nasceu Aquele do qual o Evangelho diz: ‘Bendito
aquele que vem no nome do Senhor’”.
Queridas irmãs
e amados irmãs, este Natal seja repleto da presença de Jesus em sua vida e que
o Natal aconteça a todo dia em sua vida.