Is 49, 3.5-6
Sl 39 (40)
1Cor 1,1-3
Jo 1,29-34
Em meio às incertezas da vida, ao anseio de respostas rápidas e concretas, podemos nos deixar iludir por promessas de segurança, ao ponto de substituir nossa fé no verdadeiro Redentor: Jesus. A partir do materialismo prático, que procura de um cristianismo muito suave, sem mandamentos nem sacrifício. Há uma falsa esperança de que os avanços da humanidade acabarão por resolver todos os problemas humanos, pois os avanços que a ciência traz impulsionam uma vida mais fácil, mas traz a ilusão que todas as outras dimensões da vida podem ser facilitadas por ferramentas simples e receitas certeiras. Quanto a fé, essa tendência é uma ilusão. São outros tantos “redentores” atrás dos quais as pessoas correm.
A liturgia de hoje não trata diretamente das ilusões, mas ao apontar o Cristo como o verdadeiro Redentor, fiel a vontade do Pai e feliz por praticá-la (Cf. Sl 39(40)), nos faz entender que qualquer esperança, se desligada de Cristo, pode nos afastar Dele.
A primeira leitura descreve características que só se aplicam plenamente a Jesus. Ele é o guia seguro e o ponto de unidade do povo cristão, e atrai para si os que estão fora. Desta certeza brota nosso compromisso de, em primeiro lugar, contribuirmos sempre para a unidade. Esta só se mantém quando Cristo está no centro e acima de qualquer coisa. Toda divisão é gerada no orgulho e em convicções mais políticas que religiosas. Nestas situações, Cristo não está mais no centro, outras esperanças se colocam entre nós e Ele. O segundo compromisso é cooperar para que a força de atração de Cristo se irradie para o mundo por práticas inclusivas. Quando alguém é deixado de fora, é Cristo que é excluído.
A segunda leitura, nos aponta uma santidade originada em Cristo. Paulo se dirige “aos que foram santificados em Cristo”. Podemos dizer que esta santidade se dá a partir da adesão a Cristo pela fé e é confirmada pelo batismo. Sobre os santificados em Cristo, Paulo também diz que estes são “chamados à santidade”; isto quer dizer que a santificação por Cristo não é mágica. Ela se expressa verdadeiramente na nossa vida de batizados quando atendemos a este chamado de sermos santos, isto é, mais configurados a Cristo, mais próximos e comprometidos com Ele e com os irmãos. De maneira mais específica, os compromissos de unidade e inclusão, acenados pela aproximação da primeira leitura com nossa vida de fé, também colaboram a esta santidade de vida.
Por fim, o evangelho consagra os ensinamentos das leituras e salmo. João é testemunha da Luz, a Luz das Nações. Ele mesmo nos aponta que Cristo é essa Luz, pois tem a plenitude do Espírito Santo. Por isso, é Aquele que vem fazer a vontade de Deus. Igualmente, nós somos chamados, a exemplo de João, a sermos testemunhas dessa luz maravilhosa: Jesus. Dele nos vêm a paz e reconciliação, na unidade e na inclusão, quando na generosidade perdoamos e aceitamos ser perdoados. Na oração da coleta deste domingo pedimos a Deus que “escute misericordiosamente nossas orações e nos conceda a paz”, talvez, por isso a oração pós comunhão pede “o espírito de caridade”, para que vivamos “unidos num só coração e numa só alma”. Pelo amor concreto estaremos unidos a Jesus, verdadeira esperança, e uns aos outros e, assim, teremos a paz que só o pão do céu nos traz.
Pe. Adriano Bonfim
Paróquia Senhor do Bonfim de Boninal