Em sua
existência, o ser humano é chamado a estabelecer relação com um ser superior
que lhe dá sentido à vida. A essa relação chamamos espiritualidade. Nós
Cristãos temos como grande referencial de vida espiritual, o Cristo, “Caminho,
Verdade e Vida,” (Jo 14, 6). Ao contemplarmos a figura de Jesus, o Verbo divino
que assume a condição humana, percebemos que ele não rompe os laços de comunhão
com o Criador e o Espírito, mas é guiado por esse mesmo Espírito fortificador
ao deserto, onde, sobretudo, através da Oração, vence as tentações.
A Oração,
portanto é o grande diálogo que Cristo convida, por seu exemplo, a
estabelecermos com Deus, a quem Ele nos agraciou em chamarmos de Pai, através
Dele mesmo, nosso Salvador, por meio do Espírito, que nos enche de vida. A Santa Igreja, fundada na rocha firme dos
Apóstolos, num processo de constante discernimento, amadurecimento e assunção,
iluminada pelo Santificador, desenvolveu uma grande Oração, uma grande “prosa”
ritual que podemos estabelecer com nosso Deus e a Ele, elevarmos os nossos
Louvores e Súplicas, consagrando-lhe assim o dia, a vida.
O fato de “O Divino Mestre apresentar-nos a oração
como sendo a alma do seu ministério messiânico e do termo pascal da sua vida”¹
nos “inculca a necessidade da oração,
humilde, vigilante, perseverante”². A
Igreja atenta a essa centralidade da vida de oração convida todo o seu povo a estabelecer comunhão, inclusive, através
da Liturgia das Horas.
O, também
chamado, Ofício Divino, tem como núcleo a Salmodia, que compreende a recitação
dos Salmos. Estes, num primeiro momento, são o grande hinário do povo Hebreu, e
método catequético voltado aos jovens da época, que perpassam toda a história
no Antigo Testamento em vista da grande Libertação do Povo, a vinda do Messias;
Todavia, os salmos não são restritos ao livro que carrega esse nome, mas
existem outros deles em várias partes da Escritura Sagrada, no breviário
intitulados Cânticos. (ex. Dn 3, 57-88,56; Tb 13, 2-8). Tratando-se de escrita
inspirada por Deus, auxiliados pelo Magistério da Igreja, podemos, seguramente,
nos alimentar dessa fonte na oração.
Ajunto aos Salmos estão outros importantes elementos que
compõem o corpo do Ofício: Hino, que nos introduz no mistério celebrado;
Leitura breve, que torna mais fervorosa e frutífera a oração; Responsório, que
eleva nosso propósito de abertura à Palavra anunciada; Preces, como momento de
elevarmos nosso louvor (Laudes) pela
aurora e sua possibilidade de continuar a vida, e Súplicas (Vésperas) de entrega a Deus dos trabalhos realizados e
acompanhamento nas trevas da noite; Cântico Evangélico, como grande louvor a
Deus pela graça da Redenção.
Ocorre que,
infelizmente, criou-se uma ideia errônea de que a Oração Oficial da Igreja está reservada unicamente aos Clérigos e
Religiosos (as),
mas a verdade é que ela está aberta a todo o Corpo de Cristo, formado pela
comunidade dos batizados³.
Portanto,
possamos buscar na e da nossa Igreja o necessário para exercermos esse nosso
ministério comum de orar sem cessar (1Ts,
5,17) em todo tempo, no Espírito (Ef 6, 18), erguendo em todo lugar mãos santas
(1tm, 2,8)4.
Kleber Chaves
- Propedêutico -
Fontes:
1. Instrução Geral da
Liturgia das Horas, n. 4, quarto parágrafo;
2. IGLH, n. 5, primeiro
parágrafo;
3. IGLH, n. 7, segundo
parágrafo, adaptado;
4. Relatos de um Peregrino
Russo, coleção “a Oração dos Pobres”, edições paulinas, 1985.
