A Partir de Jesus Cristo

Nas últimas Assembléias Nacionais da CNBB foram aprovadas as novas Diretrizes Gerais, para a Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, pra o período de 2011 a 2015. São nessas diretrizes que as dioceses, paróquias e comunidades, pastorais, movimentos e organismos eclesiais devem encontrar a inspiração para desenvolver seu planejamento e sua ação pastoral. Bem mais que nas diretrizes anteriores, nestas últimas aparece, de forma clara, o que foi decidido no Documento de Aparecida, isto é, que nossa ação pastoral deve passar da manutenção para a criatividade, deve deixar de ser uma pastoral da conservação e tornar-se uma pastoral decididamente missionária.
Para isso, as novas diretrizes sugerem que o ponto de partida seja a partir de Jesus Cristo. É preciso voltarmos sempre de novo a Jesus de Nazaré, à sua pessoa e prática, para sermos seus discípulos e missionários e, com ele, anunciarmos o Reino de Deus nos dias de hoje. Devemos fazer com que todos os batizados sejam apaixonados por Jesus Cristo, pelo Reino de Deus e pelo anúncio do Evangelho. A Igreja deve estar a serviço da vida plena para todos, em favor das pessoas e grupos necessitados e da própria natureza. Isso exige capacidade para os gritos proféticos diante dos ataques que a vida sofre da parte da lógica do mercado. Deve-se defender a vida que, em todos os seus tempos, se vê ameaçada: no seu início, pelas leis pró-aborto; no seu fim natural, pelas leis pró-eutanásia; no seu percurso, pelas carências de subsistência e segurança, condições de saúde e educação. Torna-se necessário retomar a opção pelos pobres que, como disse o papa Bento XVI em Aparecida, «está implícita na fé cristológica naquele Deus que se fez pobre por nós para nos enriquecer com sua pobreza». Essa opção faz que os batizados se tornem os samaritanos de hoje e vão a socorro dos últimos, dos indefesos, marginalizados e excluídos. A Nossa convivência deve ser pautada a partir da família de Nazaré, Jesus, Maria e José, exemplo de família, de Cristãos, mas hoje nossas famílias já não conseguem transmitir a fé como em outros tempos. Então, a comunidade eclesial deve insistir mais na iniciação cristã. Há muitas pessoas-crianças, jovens e adultos - que recebem os sacramentos da iniciação cristã, mas que não são devidamente evangelizadas a partir do evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo No mundo plural em que vivemos, urge atuar na formação cristã dos batizados, a fim de que sejam verdadeiramente iniciados nos mistérios de Deus, no caminho da santidade, na leitura e na prática da Palavra, no conhecimento das verdades da fé. Irmãos é preciso levar a Bíblia para as mãos do povo, nos grupos bíblicos em família, nas comunidades, nos encontros de catequese, nas pastorais e movimentos, em todo espaço e tempo, fazendo com que todos sejam evangelizados a partir de Jesus Cristo, pastor do rebanho que nos conduz pelas estradas da vida.

Não há como planejar a ação pastoral, sem antes pararmos e nos colocarmos diante de Jesus Cristo, pois toda ação eclesial se volta para ele e para o Reino do Pai. Nosso olhar, nosso ser e agir cristão precisam ser reflexos do seguimento de Jesus. É ele quem nos chamou e vinculou ao Reino de Deus, por ele instaurado e comunicado. Através de nós, Jesus Cristo precisa ir a outros locais para anunciar e estabelecer o reino, a graça, a justiça e a reconciliação entre todos. Ele se preocupa com as ovelhas que não fazem parte do rebanho. Entretanto, seu desejo de salvação não é simplesmente aguardar os que o buscam. É contínuo convite aos discípulos missionários e, por meio deles, a toda a humanidade para segui-lo. A missão, antes de ser um dever, é um dom. À semelhança de Jesus, é sair de si, é ir ao encontro dos outros, sem esperar nada em troca. É gratuidade, pois a vida só se ganha na entrega, na doação, superando toda atitude mercantilista. Consequentemente, a missão não tem destinatários, mas interlocutores. Só é autêntica em uma relação de alteridade, na acolhida das diferenças, no respeito mútuo, no encontro, no diálogo, na partilha, no intercâmbio de vida e na solidariedade. O seguimento de Jesus e a missão só se dão no seio de uma comunidade de fé, na Igreja, novo Povo de Deus. Ali, o discípulo missionário é continuamente conclamado a reunir-se na fraternidade, a acolher a Palavra, a celebrar os sacramentos e sair em missão. No mistério do Deus-comunhão, o discípulo missionário é sempre um irmão entre irmãos. Não há verdadeiro cristão sem Igreja, pois é a Igreja que é missionária e quem envia missionários. Enfim queridos irmãos e irmãs, é preciso considerar que só nos tornaremos verdadeiros discípulos e missionários se anunciarmos a mensagem cristã não em primeiro lugar aos outros, mas a nós mesmos, cumprindo as exigências de Jesus e fazendo dele nosso ponto de partida.    
                  Sem. Gean de Jesus Santiago 
Propedêutico