O
assunto homilia (= conversa familiar),do
qual estou escrevendo nas duas últimas colunas,é muito importante e,por isso,proponho
mais uma reflexão.
Os
livros litúrgicos– o Missal e o Lecionário – têm introduções ricas em conteúdos
teológicos e litúrgicos;é útil conhecê-las para compreender o sentido do que
fazemos em nossas celebrações.
Na
Introdução ao Lecionáriose fala da homilia;
recorda-se que ela faz parte da Liturgia da Palavra e que “ao longo do ano litúrgico expõe, a partir do texto
sagrado, os mistérios da fé e as normas da vida cristã”.
Na
missa, a homilia deve ter em vista que “a Palavra de Deus anunciada, juntamente
coma liturgia eucarística, seja como ’uma proclamação das maravilhas realizadas
por Deus na história da salvação ou mistério de Cristo” (SC 35,2). Por isso,
“muitas vezes e com muito interesse” a homilia “foi recomendada e até prescrita
para certas ocasiões”.Escreve-se, ainda: “Com efeito, o mistério pascal de
Cristo, anunciado nas leituras e na homilia, realiza-se por meio do sacrifício
da missa” (SC 6 e 47) e, reafirmando um ensinamento constante do Magistério, se
recorda que “Cristo está presente e operante na pregação de sua Igreja”.
“Assim,
a homilia, quer explique as palavras da Sagrada Escritura que se acaba de ler,
quer explique outro texto litúrgico, deve levar a assembleia dos fiéis a uma
ativa participação na Eucaristia, a fim de que, ‘vivam sempre de acordo
coma fé que professam’. Com esta explicação viva, a Palavra de Deus que se leu
e as celebrações que a Igreja realiza podem adquirir maior eficácia, com a
condição de que a homilia seja realmente fruto de meditação, devidamente
preparada, não muito longa e nem muito curta, e de que se levem em consideração
todos os presentes, inclusive as crianças e o povo, de modo geral, as pessoas
simples” (cf. Catequese Tradendae, 48).
A
homilia – afirma-se - visa favorecer uma ativa
participação. Voltaremos sobre o assunto participação na liturgia. Mas, desde já, quero destacar que a participação consiste, antes e acima de
tudo, em atitudes interiores de compreensão e espiritual vibração, em sintonia
com as mensagens e na escuta do Espírito que, através da Palavra e da memória
viva e vivificante de seu Mistério pascal, quer fortalecer hoje o nosso espírito
para que sejamos suas testemunhas na vida do todo dia e vivamos “de acordo com
a fé que professamos”.
A
Igreja pede, insistentemente, aos que propõem a homilia que a preparem com a
meditação e deem muito valor a este momento litúrgico, para que os fiéis sejam
enriquecidos e fortalecidos espiritualmente.
Pergunto:
em qual medida tudo isso acontece? Com certeza, acontece, acima de tudo pela presença
do divino Espírito.Ouvindo, porém, algumas reclamações e, às vezes, as homilias
nas TVs, noto que nem sempre o estilo homilético corresponde às orientações da
Igreja.
Por
isso, os homiliastas (os que proferem a homilia) nas
Paróquias e, também, nas Comunidades preparem bem suas reflexões, sejam fiéis
às orientações da Igreja, e façam o possível para não chamar a atenção sobre si
mesmos e procurem ser sóbrios em sua linguagem. O que mais precisa resplandecer
é a mensagem de Deus; as palavras humanas devem ecoar nos corações dos fiéis como
apelo à conversão e incentivo para uma vida de fé e de amor sempre mais
autêntica. É esse o meu desejo.
Dom
Armando