Livre Arbítrio, em Santo Agostinho

Após sua conversão, Agostinho passou a conviver em uma chácara de Cassicíaco, com sua mãe, e alguns de seus discípulos. Dedicando-se assim aos trabalhos campestres, a contemplação e a reflexão filosófica. Onde escreveu várias obras. Na Páscoa de 387, recebeu a graça do batismo das mãos do bispo de Milão, Santo Ambrósio.
Preocupado em alertar seus amigos sobre o maniqueísmo, compôs diversas obras e tratados, como: “De moribus Ecclesiae Catholicae” e “De moribus maniquaeorum”, “ De libero erbitrio”. A qual tratará neste pequeno texto. A redação desta última, porém, iniciada em 388, não foi concluída. Após seu regresso a Tagaste, continuou-a, mas ainda não pode conclui-la, quando em 391, foi constrangido a ser ordenado padre, por insistência do povo de Hipona. Somente ai, como presbítero, Agostinho conseguiu concluir seu trabalho, por volta de 394 e 395.
Ele escreve em sua obra, que para descobrir a origem do pecado é necessário saber qual a sua essência. Ora, cometer o mal é nada mais que se entregarem as paixões desordenadas. E isso é possível pela livre opção de nossa vontade. Agostinho prova a existência de Deus, autor e consumador de todo bem. E este mesmo Deus cria a vontade livre, que é um elemento da ordem universal. O pecado é fruto de uma desordem, e não é necessário a ordem. Portanto sempre louvar a Deus por esta liberdade criada, que é fruto de uma organização. Esta é a palavra que ele irá usar sempre a respeito do pecado, será: “louvores a Deus!”.
Este problema do mal em Agostinho se torna ponto de referência durante séculos e ainda hoje se conserva válida. Se tudo provém de Deus que é bom, de onde provém o mal?  Após durante anos de estudos, e sendo ele vitima da dualista concepção maniquéia, ele encontra em Plotino a base para sua filosofia, e a chave para resolver todo seu problema: o mal não é um ser, mas deficiência e privação do ser.
E aprofunda ainda mais a questão. Do ponto de vista metafisico- ontológico, não existe o mal no cosmo, mas apenas diferentes graus de seres, em relação a Deus, pela finitude do ser criado, e pelos níveis dessa finitude. O mal moral é o pecado. Esse depende da nossa má vontade. Pela nossa natureza, a vontade deveria tender para o bem supremo. Mas muitas vezes nos deixamos levar por bens criados e finitos caindo assim no erro, preferindo a criatura a Deus, optando por bens inferiores, em vez dos bens superiores. Neste sentido o mal não deriva da questão em que há um único bem, mas sim muitos bens, consistindo assim o pecado na escolha incorreta desses bens. O mal moral portando é “ aversio a Deo” e “conversio ad creaturam”. É para nós motivo de grande alegria ter recebido de Deus este grande bem. O mal é o mau uso desse grande bem. O mal físico, como as doenças, os sofrimentos e a morte explica-nos Agostinho que é relacionado ao pecado original, ou seja, a consequência do mal moral. “A corrupção do corpo não é a causa, mas pena primeira do pecado”.
Por fim, Santo Agostinho põe o livre arbítrio como ato que da autenticidade e liberdade à vida do ser humano, tornando- o responsável por aquilo que prática. Sendo assim que saibamos dizer sempre louvores a Deus, em meio aquilo que praticamos.     

Pablo Dourado
2º Filosofia