Primeira leitura: At 6,1-7
Salmo Responsorial: Sl 32 (33)
Segunda leitura: 1Pd 2, 4-9
Evangelho: Jo 14, 1-12
Nesse 5° Domingo da Páscoa, a liturgia nos convida a
contemplar Jesus, revelação plena do Pai, e nos dispor a agir segundo seus
ensinamentos.
O trecho do Evangelho de João que ouviremos, reporta a
um discurso de despedida de Jesus. Ao tempo em que se despede, Jesus deixa aos
discípulos uma mensagem de encorajamento: “Não se perturbe o vosso coração. […]
Na casa do meu Pai há muitas moradas”. Não precisamos temer a vida, pois Jesus
prepara para nós um caminho autêntico que na vivência do amor nos faz descobrir
o verdadeiro sentido de viver.
É preciso andar nos caminhos do Senhor, pois a
segurança de uma vida bem vivida – realizada – só encontramos em seu Evangelho.
Ele mesmo nos prepara essa morada com sua palavra e com seu jeito de ser. Como
celebrávamos semanas atrás, Jesus ensina-nos a descobrir a beleza da vida que
se realiza na doação, no serviço, na entrega. O desejo de Cristo é que todos
nós, seus discípulos, sigamos esses seus passos e, como ele, cheguemos a fazer morada
junto de Deus, numa intimidade com o Pai.
Tomé, contudo, expressa a sua dúvida: “como podemos
conhecer o caminho?” O questionamento de Tomé é seguido de uma das mais belas
frases do evangelho, muito conhecida por nós. Jesus lhe diz: “Eu sou o Caminho,
a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim”.
Eis aqui a experiência fundamental que todo discípulo
de Cristo precisa fazer: reconhecer que Ele é o caminho que devemos trilhar, a
verdade que devemos amar e a fonte da vida que verdadeiramente nos sacia. Não
precisamos buscar fora, criar novos caminhos, inventar novas verdades. Tudo
isso é vão! Quem faz a verdadeira experiência de encontro com o Cristo
ressuscitado sabe que só Ele basta para nos trazer a paz e a vida em plenitude.
Assim, é crendo em Jesus e acolhendo-o como caminho de vida autêntica que somos
capazes de fazer as obras do Reino acontecer em nosso meio por meio da Igreja.
Essa foi a experiência que as primeiras comunidades
cristãs fizeram. Jesus não estava fisicamente com eles, mas na consciência de
cada discípulo era firme a confiança de que Jesus é Caminho, Verdade e Vida.
Por isso eles se entregaram sem reservas ao anúncio da palavra, levando adiante
a missão da Igreja, mesmo em meio aos conflitos e às dificuldades.
Aliás, essa é a dinâmica que Jesus propõe a seus
discípulos. Ele não se apresenta somente como verdade, como vida, como filho
amado do Pai. Ele faz questão de se apresentar como caminho e não é por acaso!
“Na Bíblia, caminho e caminhar significam muitas vezes o modo de proceder”.
Apresentando-se como caminho Cristo incentiva sua Igreja a não ficar parada,
mas a mover-se indo ao encontro do outro e indo ao encontro da morada preparada
por Cristo.
Esse é o cenário das outras duas leituras que ouvimos.
No trecho dos Atos dos Apóstolos, a comunidade se organiza a fim realizar
melhor a sua ação. A Igreja não pode parar, ficar circunscrita a um pequeno
grupo, mas ela abarca novos membros, novas lideranças, novos ministérios. Na Carta
de São Pedro, como Cristo foi uma pedra viva, os cristãos são chamados a ser
também como pedras vivas, formando um edifício espiritual.
Somos um povo vocacionado, chamado a proclamar as obras
admiráveis de Deus no mundo. Porém só seremos capazes de tal feito se toda
nossa ação se nutrir na fé autêntica de que Jesus Cristo é verdadeiro caminho
para a vida.
Desse modo, celebrar essa Palavra hoje é renovar esse
estado itinerante da nossa Igreja. Na experiência da ressurreição, somos
convidados a reforçar em nosso ser a confiança de que Jesus é o Caminho, a
Verdade e a Vida. Acreditando plenamente nessa mensagem, podemos nos colocar a
serviço da construção de um mundo mais voltado à Palavra de Deus e aos frutos
que dela provém.
Sem. Jandir
Silva