18º DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO A

Dia da vocação ao ministério ordenado


LEITURAS:
Is 55,1-3
Salmo 144 (145)
Rm 8,35.37-39
Mt 14,13-21
Irmãos e irmãs,
Iniciamos o mês das vocações presenteados com um conjunto de leituras bíblicas profundas que podem enriquecer a compreensão que temos de nossa relação com Cristo e a nossa tarefa, enquanto cristãos.
Iniciemos pelo Livro de Isaias. O profeta convida o povo a uma experiência de liberdade e gratuidade: “vós que não tendes dinheiro, apressai-vos, vinde e comei, vinde comprar sem dinheiro, tomar vinho e leite, sem nenhuma paga”. E ainda lembra o quanto é fundamental alimentar-se “para deleite e revigoramento do corpo”.
Essas afirmativas vão ao encontro do anseio existencial humano: desejamos tal experiência de liberdade, desejamos saciar, revigorar nosso corpo. Mas nesse ponto se apresenta a mensagem que creio ser central na leitura: esses anseios se realizam quando vivemos uma relação profunda e verdadeira com Deus! Ouvindo o Senhor, buscando seu caminho que encontramos a verdadeira vida, porque Deus é a fonte da vida, só ele pode nos saciar. Ele é fiel para com aqueles que abraçam sua proposta.
A mensagem acima é muito atual. Quantos homens e mulheres se encontram sedentos e famintos! E pior: muitos são os que buscam se saciar em fontes que não são capazes de alimentar verdadeiramente. No domínio da cultura do prazer e do consumo, muitas vezes nos iludimos pensando que os bens materiais ou o prazer-pelo-prazer podem nos oferecer o alívio que esperamos. Essa ilusão nos conduz ao vazio, à falta de sentido. O verdadeiro “deleite e revigoramento do corpo” se dá em Deus e somente quem faz essa experiência tem ânimo e coragem para seguir avante.
Nessa chave também podemos ler o Evangelho propo
sto para hoje. Jesus está com uma multidão e essa multidão se encontra no deserto. Eles não têm nada. Estão no vazio. Os discípulos alertam Jesus, mas pensam em dispensar a multidão. Jesus propõe, contudo, uma mudança de perspectiva. Ele tem compaixão do povo. Sabe que é preciso dar alimento a eles. Multiplica o pão e todos são saciados. Aprendemos com isso que quem caminha com Jesus é saciado no deserto da vida, nunca é dispensado porque Ele é rico em compaixão.
Algo interessante é que Jesus provoca seus discípulos: “dai-lhes vós mesmos de comer!”. E aqui compreendemos que é missão da Igreja conduzir o povo a Cristo. Levar a humanidade a conhecer e experimentar o verdadeiro alimento, a verdadeira fonte de vida. Nessa ocasião lembramos dos ministros ordenados de nossa Igreja que abraçam de perto esse trabalho. O final do Evangelho é muito animador todos comeram, mas não foi só isso: comeram e ficaram satisfeitos. E ainda sobram pedaços, que continuaram a ser distribuídos por Jesus e pelos discípulos no decorrer da missão.
Hoje, Deus continua próximo de nós e deseja continuamente que nos aproximemos dele e nele busquemos a vida. Jesus continua a oferecer-nos o alimento da vida. Ele mesmo se faz presente no pão, pela eucaristia, para nos saciar. Como Paulo exorta na segunda leitura, nada nos separa do amor de Deus. O dom gratuito de Deus concedido a nós continua disponível hoje. Se nos abrirmos a ele, ele não nos abandona, não nos deixa no vazio. Porém, é preciso que não nos percamos ou nos deixemos convencer pelas muitas ilusões da sociedade atual. Ela muito nos oferece, mas pouco nos alimenta. No deserto de nossas vidas busquemos a Cristo, só ele tem o verdadeiro alimento a nos oferecer.
Jandir Silva
2° ano de teologia