LEITURAS:
Isaías 45,1-6;
Salmo 95: Ó
família das nações, daí ao Senhor poder e glória
Filipenses 4,6-9;
Mateus 22,15-21:
“Daí pois a César o que é de César...”.
Hoje a Palavra de Deus nos apresenta (I
leitura) um rei pagão, Ciro, que se torna instrumento de Deus para libertar
seu povo oprimido. Deus, constantemente, pede a todos para defender a pessoa humana
das armadilhas da vida e de toda forma de opressão e exploração. Age
corretamente diante de Deus, quem defende e protege o irmão, não importa a
religião nem outra pertença.
Assim, eis que estamos preparados para
compreendermos a atitude de Jesus no Evangelho deste domingo. Fariseus e
os do partido de Herodes tramaram uma armadilha para “apanhar Jesus em alguma
palavra”, perguntando-lhe, depois de tê-lo ‘incensado’ com palavras mentirosas:
“É lícito ou não pagar imposto a César”? Já di por si a questão dos impostos é
polêmica. Aqui, ainda mais. Qualquer resposta de Jesus – eles imaginavam –
teria dado motivo para condená-lo. Jesus “percebeu a maldade” e os chama de
“hipócritas, e responde com palavras, tantas vezes mal interpretadas: “Dais, pois a César o que é de César, e a
Deus o que é de Deus”. O que quer dizer mesmo?
Antes de tudo, deveríamos entender melhor
a palavra dar. Melhor seria traduzir
com devolver, restituir. A moeda do imposto leva a imagem de César, o imperador
que dominava e explorava a Palestina e que, com suas tropas, mantinha o povo
submisso, tirando-lhe liberdade e dignidade. Ainda pior pelo fato que o povo de
Deus vivia submisso a um povo pagão. Portanto, a moeda devia ser ‘devolvida’ a
César e o fato que eles – fariseus e partidários de Herodes – usassem essa
moeda, já significava que aceitavam sua dominação. Ele, Jesus, nem sabia (ou
fazia de conta de nem saber) de quem fosse ‘a figura e a inscrição’ na moeda. E
questiona: o que é preciso devolver a
Deus? Tudo o que lhe pertence; sobretudo, o ser humano criado à ‘Sua imagem e semelhança’ (Gênesis 1,27;
5,1-3).
Então, somos chamados a devolver a Deus nós mesmos, amando-O com
todo o coração e com todas as forças (cf. Mt 22,37). A figura de Deus está marcada em nós. Por isso, temos um chamado a
viver: ser cidadãos responsáveis, atentos, praticando a justiça e a caridade, construindo
a paz, assumindo o nosso papel social com consciência e competência. Isso, ao
mesmo tempo, visa construir a Cidade humana como Deus quer e nisso consiste,
também, o verdadeiro devolver a Deus o
que lhe pertence: a dignidade plena de cada um(a) de seus filhos e filhas. O
compromisso pela construção de um País mais justo, onde cada pessoa possa viver
com dignidade, a luta contra a miséria e a fome, o respeito pela natureza, a
defesa da liberdade, também religiosa, o empenho pela paz mundial contra toda
forma de racismo, exclusão e marginalização... Isso tudo faz parte do ser
seguidores de Jesus e não tira nada ao ‘César’ que comanda a Cidade terrena e
não fere a dimensão ‘laica’ do Estado da qual muitos reclamam.
Hoje, a Igreja celebra o Dia mundial das Missões e o Dia da Infância
Missionária (ver, em seguida, a Mensagem de Papa Francisco). “Os
missionários – disse o papa no dia 12 de outubro – são aqueles que, dóceis ao
Espírito Santo, têm a coragem de viver o Evangelho... Eles olharam para Cristo
crucificado, acolheram sua graça e não a seguraram para si mesmos. Como o
apóstolo Paulo, eles fizeram-se tudo a todos, souberam viver na pobreza e na
abundância, na saciedade e na fome, cientes que tudo podiam n’Aquele que dava a
eles força (cf. Fil 4,12-13). Com esta força, encontraram a coragem de ‘sair’
pelas estradas do mundo com a confiança no Senhor que chama... A missão
evangelizadora da Igreja é essencialmente anúncio do amor, da misericórdia e do
perdão de Deus, revelados aos humanos mediante a vida, a morte e a ressurreição
de Jesus Cristo”.
Meu desejo é tomemos
consciência de nossa vocação missionária, testemunhando na vida do dia-a-dia um
grande amor a Jesus, o homem novo que nos dá a possibilidade de viver na mais
profunda e autêntica novidade do amor para com todos, da solidariedade e da
justiça plena e verdadeira, que vem do Alto.
O apóstolo Paulo,
escreve aos de Tessalônica (II leitura) palavras muito bonitas: “Damos
graças a Deus por todos vós... recomendamos sem cessar a atuação da vossa fé, o
esforço de vossa caridade e a firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus
Cristo”. Uno-me a Paulo nesse bonito agradecimento.
Dom
Armando