30º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO A

LEITURAS:
Ex 22, 20-26
Salmo: Sl 17 (18)
1Ts 1,5c-10
Mt 22,34-40

A liturgia deste domingo traz um tema que é fundamental para a vivência da fé Cristã: o compromisso de viver o amor. Na primeira leitura do livro do Êxodo, ouvimos Deus recomendando seu povo a agir com misericórdia. Foi assim que Deus agiu com o povo de Israel (Cf. Ex 2, 23-24). Ele ouviu o clamor do povo oprimido e o libertou da escravidão. Agora, libertado, o povo é convidado a assumir esse caminho de vida, agindo com misericórdia para com os pobres e marginalizados, rejeitando toda exclusão. Nessa leitura, duas vezes Deus fala de si como aquele que ouve o clamor dos necessitados e faz justiça. Assim é nosso Deus. Ele é um Deus de misericórdia que volta o olhar ao pobre e excluído. Nós, seu povo, precisamos nos configurar a esse amor de Deus e buscar ser sinal dele diante de tantas pessoas necessitadas presentes no mundo.
Assim podemos compreender o que ouvimos no Evangelho. O fariseu pergunta a Jesus qual é o maior mandamento da Lei. Com sabedoria, Jesus ensina que o mais importante é AMAR: amar a Deus e amar ao próximo. Esse é o maior mandamento. Toda lei e os profetas só encontram seu verdadeiro sentido no coração daquele que ama o Senhor e age com misericórdia para com o irmão.
Jesus inaugura, assim, uma nova compreensão. A nossa prática de fé deve ser expressão de um desejo sincero de viver esse encontro com Deus. Os fariseus, no evangelho de Mateus, tinham a fama de serem pessoas religiosas. No entanto, não eram capazes de uma relação sincera com Deus, pois viviam aprisionados a regras e tradições rigorosas e severas com as quais oprimiam o povo. Assim pode acontecer conosco. Podemos nos fechar em leis, regras, metas, compromissos a ser cumpridos e esquecer daquilo que é mais essencial que é o amor.
O amor deve ser atitude fundamental que motiva o cristão a viver e dar testemunho de sua fé. Com ele tudo ganha um novo sentido: não vou à Igreja somente porque é um compromisso, vou porque amo a Deus e quero encontrar-me com Ele; não irei rezar somente porque é uma obrigação, faço porque amo o Senhor e quero estar em diálogo com ele. Quando descobrimos a beleza do amor, a fé ganha uma dimensão de autenticidade, de liberdade e de gratuidade que nos faz experimentar verdadeiramente Deus.
Porém, Jesus deixa claro que o amor a Deus deve ser expressão do amor aos irmãos. Assim o mandamento do amor a Deus está vinculado ao amor ao irmão. Com a mesma gratuidade com que vivo a minha relação com Deus, devo viver minha relação com os irmãos. Deus é aquele que está ao lado dos pobres e ouve seu clamor. Nós, seu povo, devemos também buscar estar ao lado dessas pessoas vivendo a caridade. É compromisso nosso viver uma verdadeira acolhida, um verdadeiro respeito, uma verdadeira concórdia, uma verdadeira comunhão com todos os nossos irmãos. O nosso amor a Deus e nossa reverência a seus ensinamentos se expressam quando o colocamos em prática a fim de gerar vida para todos.
O povo cristão de Tessalônica descobriu essa dinâmica. Por isso, a comunidade é elogiada por São Paulo, na segunda leitura. A vida ética da comunidade foi expressão do seu amor ao Senhor. Amor tão profundo que Paulo afirma que eles foram “imitadores do Senhor”. Ser imitadores do Senhor é ser propagadores do amor e da misericórdia sobretudo aos mais necessitados. Com isso, eles conseguiram divulgar a fé por várias outras comunidades. Este é o maior testemunho de fé que podemos dar: quando nosso amor a Deus se torna amor aos irmãos, transmitimos o próprio Cristo aos demais.
Desse modo, a verdadeira fé está fundamentada no amor a Deus e o testemunho verdadeiro dessa fé é a vivência do amor aos irmãos. Nossa relação com Deus deve ser fundamentada no amor que nos impulsiona a estar do seu lado. Nossa relação com nossos irmãos deve ser pautada na caridade e na misericórdia, espelhando-nos no próprio Cristo que por onde passou, passou fazendo o bem. Celebrando o mistério pascal de Cristo, sua maior entrega motivada pelo amor ao Pai e a nós, seu povo, busquemos ser fortalecidos na missão de viver cada vez mais cumprindo o mandamento maior, o mandamento do amor.

Jandir Silva
2° ano teologia