Estamos
refletindo sobre a celebração do batismo de crianças. Depois dos ‘ritos
complementares’ da unção com o óleo do crisma e da entrega da veste branca, temos
o rito da luz. Quem preside, apresenta o círio pascal e diz: “Recebe a
luz de Cristo”. Pode-se também cantar, como na Vigília pascal: “Eis a luz de
Cristo”, e todos respondem: ‘Demos graças a Deus’.
A
rubrica orienta para que ‘o pai, ou, na sua ausência, o padrinho, acenda a vela
no círio pascal. Esse é um gesto muito simples, mas tão bonito e significativo.
O sentido do rito é explicado com algumas palavras ditas, por quem preside, à
criança: “Querida criança, foste iluminada por Cristo para te tornar luz do
mundo. Com a ajuda de teus pais e padrinhos, caminha como filho/a da luz”.
Recorda-se,
desse modo, qual é a vocação do cristão: ‘ser luz do mundo’, como disse
Jesus (Mt 5,13-16), para segui-Lo, Ele que é a Luz do mundo: ‘quem me segue não
anda nas trevas, mas terá a luz da vida’. O simbolismo da luz é muito significativo
em toda cultura e ambiente. A experiência da luz e das trevas pertence às
nossas experiências mais profundas.
Colher
no simbolismo o sentido evangélico, porém, não é imediato. Como o discípulo de
Jesus é chamado a ser ‘luz do mundo’? Respondo com um texto, muito
significativo, do papa São João Paulo II, na carta encíclica ‘O Esplendor da verdade’ (6 de agosto de
1993): “O esplendor da Verdade brilha em todas as obras do Criador,
particularmente no ser humano criado à imagem e semelhança de Deus “ (cf. Gn
1,26). Logo em seguida, acrescenta: “Chamados à salvação pela fé em Jesus
Cristo, luz verdadeira que a todo homem
ilumina (Jo 1,9), os homens tornam-se ‘luz
no Senhor e filhos da luz (Ef
5,8) e santificam-se pela obediência à
verdade (1Pd 1,22)” (VS 1). A encíclica, em seguida, recorda o documento
conciliar Lumen Gentium – Luz dos povos – texto maravilhoso sobre
a Igreja, e se lê: “Jesus Cristo luz dos
povos, ilumina a face da sua Igreja, que envia pelo mundo inteiro a
anunciar o Evangelho a toda criatura (Mc 16,15)” (VS 2).
Eis
a vocação do cristão e da Igreja: iluminar, refletindo a luz de Cristo. O rito,
singelo e significativo da vela acesa que tanto anima os que participam da
celebração de batismo, contém um ensinamento muito concreto. Na preparação ao
batismo, vale a pena refletir, sobretudo com pais e padrinhos, a respeito
disso: como refletir, hoje, a luz de Cristo em nossa realidade social,
cultural, política e eclesial? Os desafios são numerosos, mas o cristão sabe
que, quanto mais se deixar iluminar e transformar por Cristo, tornar-se-á
‘luminoso’ da sua luz. Os biógrafos contam que Teresa de Lisieux – a santa
Terezinha – quando saía da oração tinha o rosto luminoso. Isso deve acontecer
com todos. Batizar uma criança, então, significa ajudá-la a ser luminosa, refletindo
a luz dos pais e padrinhos, se esses forem iluminados pela fé. É grande
responsabilidade batizar uma criança, e também tão lindo!
Dom
Armando