
Estamos refletindo
sobre os ritos da celebração do batismo de crianças. Vimos o sentido da água
derramada sobre a cabeça da criança. Nesse momento, quem preside pode realizar
também ‘o rito da aspersão da assembleia’, para que os participantes da
celebração recordem o seu batismo; enquanto isso, canta-se um hino ou salmo
apropriado.
Em seguida, o Ritual
propõe alguns ritos complementares. O
primeiro é a unção pós-batismal feita na testa da criança com o óleo do
crisma. Em nossa Igreja católica, desde antigamente, batismo e crisma foram separados
para permitir ao bispo realizar a unção crismal. Mas, a presença do divino
Espírito e sua força renovadora não é reservada ao sacramento da crisma. No
batismo, já temos uma unção e se pede ao Pai que consagre a criança “com o óleo
santo, para que, inserida em Cristo, sacerdote, profeta e rei, continue no seu
povo até a vida eterna”.
Ungir é gesto muito
significativo. O povo de Deus derramava óleo para expressar a escolha e a
consagração de alguém indicado para servi-lo. Por exemplo, no primeiro livro de
Samuel, lê-se que Deus ordena a Samuel: “Enche de azeite o teu vaso e vai!” (1
Sm 16,1); e quando Davi aparece na presença do profeta, o Senhor disse a
Samuel: “Levanta-te e unge-o: é ele!”. Então, “Samuel apanhou o vaso de azeite
e ungiu-o na presença dos irmãos. O Espírito do Senhor precipitou-se sobre
Davi” (1 Sm 16, 12-13).
Fiel à linguagem
bíblica, a liturgia, através da unção, manifesta que Deus escolheu alguém para
colocá-lo ao serviço do povo e, por isso, consagra-o, isto é, enche-o com a sua
presença amorosa e lhe dá a força para exercer a sua missão, na fidelidade e
generosidade. Outra oração, que acompanha essa unção, diz: “Agora que fazes
parte do povo de Deus, segue os passos de Jesus e permanece nele para sempre”.
É muito importante que os cristãos tomem consciência disso. A catequese em
preparação ao batismo para pais e padrinhos encontra nos ritos numerosas
propostas de reflexão.
Segue o rito da ‘veste
batismal’. O Ritual orienta: “A criança será revestida com a roupa branca
ou de outra cor, segundo a sensibilidade e os costumes locais. Ou faça-se uma
alusão à veste que já está usando”. Quem preside diz: “(Nome) nasceste de novo
e foste revestido de Cristo”. Na bíblia, encontramos numerosas referências à
veste, sobretudo da cor branca. Por exemplo, em Apocalipse 3,5, lê-se: “O
vencedor se trajará com vestes brancas e eu jamais apagarei seu nome do livro
da vida”; em 6,11: aos que “tinham sido imolados por causa da Palavra de Deus e
do testemunho que dela tinham prestado” (6,9), “a cada um deles foi dada uma
veste branca”. Portanto, a veste é sinal da dignidade de filhos de Deus que se
recebe com o batismo. Por isso, a oração termina com o convite “a conservar a
dignidade de filho / filha de Deus até a vida eterna”.
Desejo que tomemos
consciência disso para que nossa vida cristã seja mais coerente e fiel ao
batismo que recebemos.
Dom Armando