Duas Faces distintas: Aristóteles e Maquiavel

Aristóteles foi um grande pensador antigo, ao qual dá ao homem seu conceito humano que ele mesmo coloca como “duas partes distintas” (metodicamente) que formam o ser em seu pleno conceito. Todo homem sumamente bom, possui um corpo e uma alma e nesta está à razão e o desejo, sendo então o intelecto a parte superior da alma, onde o corpo privado da razão deve obedecer. Ele divide as virtudes em: intelectuais e morais. Sendo que esta primeira nasce e progride da graça do intelecto da própria experiência. Já a virtude moral ela independe do nosso querer, para o filósofo o nosso caráter moral é formado a partir das repetições de nossos atos, é o próprio hábito. Portanto, é através do hábito que nos tornamos virtuosos. Na Política, Aristóteles afirma que a música deve fazer parte da infância da criança para contribuir na formação do caráter. Para ele, a música é o primeiro prazer natural. É à disposição de caráter (a virtude) que o torna bom e faz desempenhar bem a sua “função” que é a atividade conforme o intelecto. É na atividade cotidiana até rotineira que todos nos tornamos virtuosos de alguma forma.  Toda esta virtude se dá por meio da polis que é o lugar privilegiado do ser humano.
Em sua principal obra, Maquiavel cita conceitos de virtu e de fortuna que deve ser a condição sine qua non do político ou governante, por que a capacidade de si manter no poder são as qualidades do político; e dentre estas, estão à qualidade da retórica pública, tento a capacidade de criar e manusear regras para o próprio bem da sociedade.
Maquiavel fala que o poder não apenas depende do destino ou que este já nasce com o político, mas depende da astúcia dentro de uma sociedade que o respeite, temesse e o amasse. Ele inova a política numa ética própria, colocando o homem como responsável por seu sucesso através não só de sua força, mas também de sua astúcia.
Com isso, Maquiavel deixa de ser sinônimo de bondade para tornar-se astúcia e destreza pessoal, sendo que somente com a junção de virtu e fortuna, um príncipe seria capaz de manter-se no poder conquistado, podendo incorrer em defeitos se isso fosse preciso para a manutenção de sua soberania, devendo, para tanto, ser guiado pela necessidade e não pela moralidade vigente.
Por fim, a nova ética analisa as ações não mais em função de uma hierarquia de valores dada a Priore, mais sim, em vista das consequências, dos resultados da ação política. Trata-se aqui de critérios de avaliação do que é útil a comunidade. Para Maquiavel a moral não deve orientar a ação política, segundo normas gerais e abstratas, mais a partir do exame de uma situação específica e em função do resultado que ela promove, sendo que a política visa o bem do grupo e não de um indivíduo isolado.    
Com Aristóteles, a vida moral e política tem uma ligação indissolúvel no que tange as questões de bem governar, do regime justo, da cidade boa depende do bom governante. Em decorrência disso, o bom governante deve ter a virtude da prudência, pela qual será capaz de agir visando o bem comum e a felicidade de todos os indivíduos.  

Pablo Dourado
3º Filosofia