26º DOMINGO DO TEMPO COMUM

I Leitura: Nm 11,25-29
Salmo 18 (19)
II Leitura: Tg 5,1-6
Evangelho: Mc 9,38-43.45.47-48

Estimados irmãos e irmãs,
Já bem adiantados na caminhada do tempo comum, as leituras propostas para o 26° domingo nos levam a refletir sobre o significado que damos à nossa missão, aos nossos trabalhos de pastoral, aos serviços que exercemos na comunidade.
Tanto na primeira leitura como no evangelho, observamos que alguém de caminhada na fé mais longa tenta barrar, impedir outras pessoas. Na leitura de Números, é Josué – “ajudante de Moisés desde a juventude” – que deseja que os outros não profetizem, se calem. No Evangelho, é o discípulo João quem ordena que um homem que expulsa demônios em nome de Jesus se cale.
Mais do que focarmos na atitude extrema de proibição, convém observarmos a motivação que gera essa atitude. O que Josué e João fazem é algo que pode estar presente na atitude de qualquer um. Às vezes, por termos uma caminhada mais longa de missão e de serviço, podemos correr o risco de alimentar em nós uma mentalidade de privilégio, de exclusividade. E quando nos deparamos com o outro, que tem uma experiência diferente da nossa, caímos no erro de subjugá-lo, de condená-lo a partir de nossos conceitos e fazer com que ele se cale para satisfazer nosso ego, por ciúme ou vaidade.
Moisés e Jesus ensinam diferente. Se partilhamos a mesma mensagem de fé e de esperança, precisamos ter em nosso coração a vontade de sempre juntar forças, unir-nos, agregar-nos e não promover proibições por ciúme. Como evangelizadores, membros de comunidade, agentes de pastoral, devemos vigiar sempre nossas atitudes a fim de que promovamos a cultura da comunhão de ação, da participação organizada de todos e nunca a lógica da exclusividade e do privilégio.
Vale lembrar que é o Espírito Santo quem continua a suscitar na nossa Igreja dons e carismas a serem colocados em comum. Precisamos estar sensíveis e abertos a essa ação de Deus em nosso meio. Ao invés de brigarmos uns com os outros sobre quem deve falar, quem pode fazer o quê, deveríamos nos ocupar de atitudes mais nobres, como a busca da unidade. O próprio Jesus nos ensina “se o reino se divide contra si mesmo ele perece” (Mc 3,24). Ao invés de coibirmos as forças de ação, devemos uni-las em prol do bem comum.
Que participando da comunhão eucarística, a unidade vivida em torno do altar se expresse também no nosso agir pastoral e social. Sejamos cristãos unidos em torno da busca de um bem comum, de um mundo de justiça e de paz. Evitemos o orgulho, a vaidade. Não homens e mulheres egoístas, apegados a posições de destaque e privilégios, mas aprendamos sempre de Cristo formar e ser comunhão.


Jandir Silva