Salmo 18 (19)
II Leitura: Tg 5,1-6
Evangelho: Mc
9,38-43.45.47-48
Estimados irmãos e irmãs,
Já bem adiantados na caminhada
do tempo comum, as leituras propostas para o 26° domingo nos levam a refletir
sobre o significado que damos à nossa missão, aos nossos trabalhos de pastoral,
aos serviços que exercemos na comunidade.
Tanto na primeira leitura como
no evangelho, observamos que alguém de caminhada na fé mais longa tenta barrar,
impedir outras pessoas. Na leitura de Números, é Josué – “ajudante de Moisés
desde a juventude” – que deseja que os outros não profetizem, se calem. No
Evangelho, é o discípulo João quem ordena que um homem que expulsa demônios em
nome de Jesus se cale.
Mais do que focarmos na atitude extrema
de proibição, convém observarmos a motivação que gera essa atitude. O que Josué
e João fazem é algo que pode estar presente na atitude de qualquer um. Às
vezes, por termos uma caminhada mais longa de missão e de serviço, podemos
correr o risco de alimentar em nós uma mentalidade de privilégio, de
exclusividade. E quando nos deparamos com o outro, que tem uma experiência
diferente da nossa, caímos no erro de subjugá-lo, de condená-lo a partir de
nossos conceitos e fazer com que ele se cale para satisfazer nosso ego, por
ciúme ou vaidade.
Moisés e Jesus ensinam diferente.
Se partilhamos a mesma mensagem de fé e de esperança, precisamos ter em nosso
coração a vontade de sempre juntar forças, unir-nos, agregar-nos e não promover
proibições por ciúme. Como evangelizadores, membros de comunidade, agentes de
pastoral, devemos vigiar sempre nossas atitudes a fim de que promovamos a
cultura da comunhão de ação, da participação organizada de todos e nunca a
lógica da exclusividade e do privilégio.
Vale lembrar que é o Espírito
Santo quem continua a suscitar na nossa Igreja dons e carismas a serem
colocados em comum. Precisamos estar sensíveis e abertos a essa ação de Deus em
nosso meio. Ao invés de brigarmos uns com os outros sobre quem deve falar, quem
pode fazer o quê, deveríamos nos ocupar de atitudes mais nobres, como a busca
da unidade. O próprio Jesus nos ensina “se o reino se divide contra si mesmo
ele perece” (Mc 3,24). Ao invés de coibirmos as forças de ação, devemos uni-las
em prol do bem comum.
Que participando da comunhão
eucarística, a unidade vivida em torno do altar se expresse também no nosso
agir pastoral e social. Sejamos cristãos unidos em torno da busca de um bem
comum, de um mundo de justiça e de paz. Evitemos o orgulho, a vaidade. Não
homens e mulheres egoístas, apegados a posições de destaque e privilégios, mas
aprendamos sempre de Cristo formar e ser comunhão.
Jandir Silva